Dono de postos é preso por encomendar morte de fiscal que investigava fraudes em combustível

Três pessoas foram presas nessa semana suspeitas de envolvimento no assassinato do fiscal Fabrizzio Machado da Silva, que presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis. Entre os detidos está o ex-vereador de Mandirituba, o empresário Onildo Chaves Córdova II, 36 anos, apontado como mandante do crime. Também foram presos o autor dos disparos, Patrick Jurczysin Leandro, 30 anos e Ronei Dulciano Rodrigues, 25, que teria sido o intermediário. A prisão é temporária e válida por 30 dias, podendo após este prazo ser transformada em preventiva.

Os três vão responder por homicídio qualificado, por emboscada e sem chance de defesa da vítima, com pena prevista, caso condenados, entre 15 a 30 anos de prisão.

Segundo as investigações, o executor recebeu como sinal R$5 mil reais, em espécie, pessoalmente e em um dos postos de Onildo. O dinheiro foi usado para comprar um revólver calibre 38 e um veículo Sandero que era roubado. Depois da execução do fiscal, Patrick teria recebido mais R$16 mil reais, montante que foi consumido com drogas e bebidas.

Patrick foi visto por testemunhas com um Sandero, vermelho, circulando por Fazenda Rio Grande e depois apareceu com marcas de queimadura no corpo, indício que também complica sua defesa, uma vez que o veículo usado no crime foi encontrado queimado no bairro Caximba.

O delegado da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa(DHPP), Cássio André Conceição Dias contou que ele foi o primeiro a ser detido. “Primeiro prendemos o Patrick, preso na quinta-feira, às 22 horas na rua, no Tatuquara. Ele desobedeceu ordem para parar o carro e acabou batendo o carro contra um ônibus, por isso, tem ferimentos na cabeça. Posteriomente, prendemos o Ronei que estava trabalhando na Ceasa e, em seguida, o Onildo foi preso em um apartamento, em Curitiba”, detalhou.

A motivação do crime ainda está sendo aprofundada pelas investigações, mas ao que tudo indica, a função exercida por Fabrizzio em combater fraudes nos postos de combustíveis deve ter sido determinante. “Fabrizzio era uma pessoa mal quista, o pessoal não gostava dele em função do papel que ele exercia”, afirmou o delegado que diz ter colhido provas suficientes para elucidar o caso. “O mandante do crime é o Onildo, temos plena convicção de todas as diligências que foram apuradas durante as investigações. Os postos do Onildo já foram investigados outras vezes. O Onildo mandou matar o Fabrizzio”, concluiu o delegado, em uma coletiva que contou com a presença do Secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita.

Na apresentação dos suspeitos que ocorreu no último domingo(30), Onildo declarou inocência e disse que não conhecia Fabrizzio e tampouco cometeu irregularidades nos postos de sua propriedade. “Sou inocente. Se existem provas, meus advogados não tiveram acesso a nada”, declarou Córdova.

Questionado sobre eventual implantação de chips nas bombas de combustível em seus postos que ludibriam os consumidores, Onildo negou. “Meus postos nunca teve isso. Meus postos estão de acordo com as recomendações da ANP – Agência Nacional de Petróleo. Faço questão que essa investigação venha à tona sobre meus postos”, disse, de cabeça baixa, de costas e algemado o empresário que gosta de ostentação e vivia uma vida de luxo e do dia para noite teve que se despir de roupas de grife para vestir uma roupa de preso.

Ele ainda reclamou do baixo faturamento nos estabelecimentos. “ Hoje dão prejuízos os postos, inclusive não tem condição de pagar a folha dos funcionários”.

Onildo que em um primeiro momento afirmou que não conhecia Fabrizzio, em seguida, declarou detalhes sobre a vida do fiscal. “Um deles(postos) foi fechado sem provas, por investigações mal conduzidas, o qual foi exposta por essa ONG que esse sujeito Fabrizzio tinha. Vários bens dele foram confiscados, faturava dois ou três mil reais por mês e tinha barco de um milhão e meio. E agora pergunto: Quem é Fabrizzio? Quanto dinheiro esse Fabrizzio envolveu nas investigações que até agora não veio à tona?”, questionou.

Assassinato

Fabrizzio foi morto a tiros pouco depois das 22h do último dia 23 de março quando chegava de carro em casa, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba. O autor bateu na traseira do carro do fiscal que ao descer para ver o que havia acontecido foi baleado na cabeça. As diligências das equipes policiais da DHPP e informações repassadas pelo 0800, de forma anônima, mostraram que o executor chegou até a casa do fiscal depois de receber a foto, o endereço e o carro usado pela vítima. Após o crime, começaram a chegar na DHPP, através do 0800, denúncias e informações sobre o caso.

OPERAÇÃO PANE SECA

Dois dias depois da morte de Fabrízzio, o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep) deflagrou a “Operação Pane Seca” para prender duas quadrilhas que fraudavam a quantidade de combustível que saia de das bombas dos postos de gasolina – gerando prejuízo aos motoristas e ganhos para as organizações criminosas.
Entre os presos pelo Diep estava o empresário suspeito, que é dono de quatro postos o Colina, em Colombo; JPS, no Pinheirinho; Midas – Auto Posto Uberaba, no Uberaba; e Rubi, em Colombo. Três deles estavam sendo investigados na Pane Seca e foram lacrados posteriormente. Ele ficou preso por cinco dias (prisão temporária) e até então não havia qualquer indício de participação do empresário na morte do fiscal.
A investigação do Diep que resultou na ”Pane Seca” teve início a partir de requisição da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, do Ministério Público do Paraná, a qual recebeu informações da Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC), a qual Fabrízzio era presidente, denunciando que alguns postos de combustíveis estariam fraudando a quantidade de combustível no momento do abastecimento.
Para a fraude funcionar integrantes das quadrilhas instalaram dispositivos eletrônicos nas bombas, os quais eram responsáveis por interromper o fluxo de combustível efetivamente expelido, sem que houvesse interrupção na medição da quantidade de litros a ser paga pelo consumidor.

O Disk Denúncias da DHPP é o 0800 6431 121. A ligação é gratuita e as denúncias podem ser anônimas.

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