Portugal em recuperação econômica ganha elogios da esquerda e do FMI

Após anos de uma grave crise econômica que fez o desemprego e o deficit público dispararem, Portugal vem chamando a atenção de especialistas ao redor do mundo por sua surpreendente recuperação e pela forma como ela se tornou possível.

Liderado por uma coalizão de partidos de esquerda, o governo português rejeitou a receita de austeridade imposta por credores internacionais. E, mesmo assim, ganhou o endosso de órgãos ortodoxos como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Portugal conseguiu “um progresso louvável ao enfrentar os riscos de curto prazo”, escreveu a organização em um comunicado divulgado recentemente.

Perto da falência

Diante de uma precária situação econômica, Portugal pediu em 2011 um resgate de € 78 bilhões (R$ 285 bilhões) ao trio de credores composto por FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.

Em contrapartida, foram impostas duras condições fiscais, que o então governo conservador buscou cumprir. Milhares de trabalhadores acabaram demitidos, salários foram reduzidos e até datas festivas foram canceladas para tentar evitar a falência do país.

Mas o desemprego seguia crescendo, atingindo o pico de 16,2% em 2013 – maior do que o atual índice brasileiro, de 13,7%. E a economia viu uma queda de 3,6% em 2012, a maior da década.

Os portugueses rejeitaram as medidas de austeridade em 2015, quando elegeram uma coalizão de partidos de esquerda, um resultado eleitoral que despertou apreensão nos mercados internacionais e de parte da população.

Críticos previam que a aliança não se sustentaria até o final do mandato, ou que a situação econômica pudesse piorar.

“Era uma novidade política em Portugal”, afirmou à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, André Freire, especialista do Instituto Universitário de Lisboa.

“As políticas que o governo de Antonio Costa (primeiro-ministro do país) implementou iam contra a receita tradicional. Elas reverteram os cortes salariais do governo anterior”, explica Freire. “Não é que houve aumento dos salários. Simplesmente foram recuperados os cortes que ocorreram durante o período do resgate.”

BBC

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