Escassez e contaminação da água II

Vínhamos falando da contaminação da água por pesticidas e outros venenos, por metais pesados, etc.

O amigo leitor já passou por rios que recebem água utilizada em indústrias?… Veja o Tietê e o Pinheiros (São Paulo) – esgotos a céu aberto -, ou o Cubatão (Joinville, Santa Catarina), cheio de ácidos, metais pesados, etc. Claro que não nos convém citar nosso rio Belém, em Curitiba, ou o rio Iguaçu, porque seria vergonhoso para nós – ora, somos inteligentes, conscientes, responsáveis… Será?…

No mundo, todo ano se descartam 50 milhões de toneladas de lixo tóxico (eletrônicos, placas de microondas, de TV, etc.). No Brasil, quase tudo é jogado nos rios ou no solo. Então, os metais pesados, como mercúrio, chumbo, cádmio, cobre, prata, etc. são absorvidos por peixes exatamente como qualquer nutriente, e, alimentando humanos, toxinas e nutrientes são do mesmo modo transferidos, causando problemas de saúde.

Precisamos entender que o organismo – primeiramente o vegetal, a ser ingerido pelo peixe, depois o do peixe e, ao final, o humano – não entende claramente, no momento da absorção, a diferença entre, por exemplo, o mercúrio e outro mineral. Os seres vivos se adaptaram a utilizar tudo o que podem como nutriente, por conta dos períodos de escassez. A fartura de oferta de alimentos que se tem hoje no mundo é uma conquista histórica, e ainda nem alcançou todo o planeta, mas somente as regiões com maior aporte tecnológico. Pela necessidade de sobrevivência, o organismo aprendeu a absorver e tentar utilizar tudo o que pode. No entanto, algumas dessas substâncias, ao invés de cooperarem para o bom funcionamento orgânico, causam distúrbios e doenças. São venenos que, ironicamente, nós mesmos depositamos no nosso futuro alimento. Temos trabalhado contra nós mesmos, como inimigos da nossa descendência.

Mesmo um tanto suja e contaminada, a água está aí, podendo ser ingerida. Fica a pergunta: até quando? No ritmo de deteriorização que temos visto, não sabemos que água vamos deixar para nossos netos… A industrialização, a expansão agropastoril e a retirada do petróleo têm o direito de determinar até quando teremos água límpida, cristalina, como a temos hoje? Até quando poderemos tomar água da bica?…

A educação e a conscientização pública desempenham, sem dúvida, papel fundamental no que pode ser uma forma de se melhorar o quadro atual. Isto é o que o Jornal “A Semana” promove: conscientização. No dia de hoje, está acontecendo um evento expressivo em Frankfurt am Main, uma das maiores cidades da Alemanha, envolvendo estudantes de diferentes anos escolares, em passeata. Pouco divulgado, mas não pouco impactante, é um evento deveras incomum neste lugar. Além da educação estudantil, busca-se conscientizar quem há muito não frequenta a escola, em prol dos novos tempos, das novas necessidades humanas. Traremos ao leitor informações sobre esta mobilização exemplar, de temática intrínseca à nossa coluna, na próxima semana.

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