O bicho homem e as florestas II

Conversamos sobre aspectos importantíssimos das florestas como renovadoras do oxigênio (eliminadoras de gases tóxicos, como o monóxido e o dióxido de carbono) e mantenedoras da umidade do ar e da água na superfície do nosso planeta. As florestas também fornecem produtos alimentícios fantásticos para o ser humano, além da madeira. Vamos conversar um pouco mais sobre o que significam para nós as matas e florestas.

Se a gente pudesse voltar no tempo, veríamos que todas, absolutamente todas as frutas estavam em meio às composições da vegetação nativa. Por exemplo, manga e abacate vêm da América Central; uva, da Ásia Menor… Tudo quanto hoje cultivamos, seja grão, fruta ou hortaliça, era parte da cobertura verde original. Mas, porque cultivamos parreira, milho, manga, etc., acreditamos que nada têm a ver com a mata. Em verdade, todas essas culturas são mata! Assim pensando, começamos a entender melhor o significado das matas e florestas em nossas vidas.

Hoje, graças ao cultivo de muitas espécies vegetais, nossa dependência alimentar direta das florestas decresceu, embora elas continuem sendo vitais em termos de preservação da água, do oxigênio, vale dizer: da vida humana. Não podemos ignorar, entretanto, que ainda colhemos alimentos da floresta: a castanha-do-pará, o açaí, o pinhão, etc…. Além disso, no sul, quase toda a “cocada” é feita com a medula do jaracatiá (que está quase extinto, em razão disso).

A maior ameaça que as florestas sofrem advém da expansão da pecuária e do cultivo de cereais. A safra está calculada em 270 milhões de toneladas. É muito chão para tanta cultura, tanta granja… Claro que as plantações também integram a chamada “cobertura verde”; mas enquanto os pés de soja, milho, trigo e outros cultivares têm dezenas ou algumas centenas de folhas processando gases tóxicos, uma castanheira, um pinheiro ou uma simples grápia têm muitos milhares de folhas… Enfatizo, no entanto, que entre um solo exposto ao sol, improdutivo, e um solo coberto por plantações há uma diferença enorme, em termos de preservação ambiental (da água e da vida).

Outra grande e devastadora ameaça às florestas é a histórica extração comercial da madeira. No Brasil, começou com a exportação do pau-brasil, que enfeitava os salões da nobreza europeia. Dentro do país também se fazia necessária a madeira que, na proporção do surgimento e crescimento das cidades, era matéria-prima de construção de casas e móveis. Em meados do século passado, extraíram-se mais de 500 milhões de pinheiros nativos, e suas tábuas foram quase na totalidade exportadas. Também cedro-rosa, ipê, guajuvira, canjarana, imbuia, canela-preta, cabriúva, etc. foram explorados quase à exaustão.

O amigo leitor conhece cabriúva (melhores assoalhos), guajuvira (melhores alicerces), canela-preta (ótimos móveis e assoalhos)?… Pois é… andam em extinção. Quando na sequência falarmos dos animais, da biodiversidade, completaremos o raciocínio.

- Anuncie Aqui -