Ele entrou como palhaço e sai com vergonha do “circo” da política brasileira. O deputado federal Francisco Everaldo Oliveira Santos, o palhaço Tiririca (PR-SP) subiu pela primeira e última vez na tribuna da Câmara dos Deputados, em Brasília na tarde desta quarta-feira (06/12) para dizer que está abandonando a política envergonhado e “decepcionado”.
“Subo nesta tribuna pela primeira vez e pela última vez, não por morte, [mas] porque estou abandonando a vida pública”, iniciou o discurso, com semblante abatido e voz triste.
Depois de sete anos de mandato, sendo o mais votado em 2010, com 1,3 milhão de votos e reeleito com mais de 1 milhão de votos em 2014, Tiririca disse, a um plenário com pouquíssimos deputados presentes que está “chateado pra caramba” com o “nosso parlamento”. “É triste e o que vi nesses sete anos, saio totalmente com vergonha, não vou generalizar, não são todos, tem gente boa como em qualquer profissão.” “Estou saindo triste para caramba, estou muito chateado, muito chateado mesmo com a nossa política, com o nosso parlamento. Eu, como artista popular que sou e político que estou, estou bem chateado. Não com os meus 7 anos aqui na política. Não fiz muita coisa, mas, pelo menos, fiz o que sou pago para fazer, estar aqui e votar de acordo com o povo”, disse.
Tiririca reconheceu que fez pouco, mas atribuiu a pouca produtividade “a mecânica louca do Congresso”. Escancarou que os parlamentares ganham muito bem, “R$23 mil reais livre” com direito a carro e apartamento e por isso precisam olhar mais para a população. “Vamos olhar um pouco para o nosso país, vamos esquecer um pouco as brigas, o ego. Vamos olhar para o nosso povo, o povo que necessita de saúde”, declarou.
Tiririca afirmou, ainda, que tem orgulho de andar de cabeça erguida pelas ruas e pelos aeroportos, algo que muitos de seus colegas não conseguem pelo receio de represálias da população. “Ando nos aeroportos de cabeça erguida, mas eu acho que muitos dos senhores não têm essa coragem. Andam até disfarçados, de dizer que são parlamentares, porque é uma vergonha, é vergonhoso”, disse.
Por fim, ele ainda disse ter sofrido preconceito por “ser humilde e do povo”.”Sofri preconceito. Ontem mesmo, ao chegar, um colega, colega, não… A gente discutiu, pensei até que ele ia me agredir. Depois, fui levantar a ficha dele e o cara é mais sujo do que pau de galinheiro, tem mais de cinco processos por desvio de dinheiro público e aí vem falar o que, por eu ser um cara humilde, um cara do povo?”, questionou.
