Crise hídrica em SP e no DF mostra que falta d’água não se restringe ao Nordeste

“Espalhou a vista pelos quatro cantos. Além dos telhados, que lhe reduziam o horizonte, a campina se estendia, seca e dura. Lembrou-se da marcha penosa que fizera através dela, com a família, todos Haviam escapado, e isto lhe parecia um milagre. Nem sabia como tinham escapado”.  Esse é um trecho do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

Episódios do passado (como a grande seca de 1877) e problemas atuais (como os causados pela seca excepcional) mostram que a Região Nordeste sempre esteve ligada à imagem de estiagens longas e prolongadas. Porém, duas grandes crises hídricas recentes mostram que nenhuma região do país está livre de sofrer com o desabastecimento: a ocorrida na região metropolitana de São Paulo entre 2014 e 2016 e a do Distrito Federal, que perdura desde o início de 2017. A capital do país, inclusive, vive regime de racionamento com revezamento entre as regiões administrativas.

Alguns pontos em comum estão entre os motivos para o problema com a falta de água nas duas metrópoles: crescimento populacional desordenado, desperdício de água e falta de investimentos em políticas para prevenção de secas. Em ambos os casos, o estopim para o início da crise hídrica foi o mesmo: longos períodos sem chuva.

Crise hídrica na região metropolitana de São Paulo

O problema do desabastecimento na capital paulista começou com a chegada do fenômeno El Niño na América do Sul em 2014. No início de janeiro daquele ano, o nível do Cantareira, até então responsável por 47% do abastecimento da cidade (quase 9 milhões de pessoas), estava em 26,6% da capacidade (nível considerado baixo). Em 16 de maio de 2014, o nível ficou abaixo de 10% da capacidade e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a utilizar a reserva técnica de água (chamada de volume morto) para o abastecimento.

Crise hídrica no Distrito Federal

Enquanto especialistas acreditam que São Paulo ainda corre riscos de passar por uma crise hídrica, problemas de abastecimento são realidade no Distrito Federal. Brasília e as regiões administrativas vizinhas passam por um rodízio no abastecimento de água desde 16 de janeiro de 2017. Cada região do DF tem ficado um dia da semana sem água. A medida foi tomada em consequência da queda dos níveis dos sistemas Descoberto – que abastece dois terços do DF -, e do de Santa Maria/Torto, responsável por abastecer a área central e algumas outras regiões da capital.

Agência Brasil

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