Gatos, cachorros e homens

Desde que o homem se conhece como tal, paira esta pergunta sobre as nossas cabeças: “Qual o sentido da vida?…” Dizem, alguns, que felizes são os cachorros, que nunca se preocuparão com mais do que sua mais elementar sobrevivência… Seria a mente humana, essa super-potência da evolução das espécies, em si mesma a condenação do homem a perquirir eternamente – geracionalmente – sobre a razão de tudo? Somos a única espécie que “não quer só comida, mas diversão e arte”?…

Diversas assunções são feitas sobre o sentido e o propósito da vida para espécies, especialmente mamíferos domésticos. Quem pensa que a um cachorro pouco importa além de suprir suas necessidades físicas está muito enganado. Animais naturalmente sociáveis precisam de companhia, sob pena de se estressarem, deprimirem e sofrerem alterações substanciais em seu comportamento. Assim também é o homem. Os menos sociáveis não têm menos necessidades além da sobrevivência; apenas necessidades diferentes.

Mesmo o gato, que dizem ser um animal egoísta, na verdade é muito amável e, quando se torna um animal difícil, está revelando sintomas de alguma alteração ou patologia, seja física, emocional ou psicológica… Mas, na maior parte das vezes, o pobre do gato é tão-somente mal-interpretado. É importante que a pessoa que adota um gato entenda que ele nunca será um cachorro, que o modo como ele interage com pessoas é completamente diferente da maneira como o faz um cachorrinho, e que isso não torna o gato nem arrogante, nem superior, nem inferior: isso apenas significa que gatos e cachorros são animais de espécies diferentes, que revelam comportamentos diferentes.

Qualquer que seja o sentido que o amigo leitor atribui à sua vida, certo é que tem a ver com a sua identidade. Pode ser que não tenhamos, como espécie, muitas respostas a essa recorrente pergunta; mas podemos tê-las individualmente, pois tem a ver com quem cada pessoa é. Já a pergunta que se segue a essa, “Para onde iremos?”, fala do propósito da vida, que é outro assunto, a ser tratado na próxima coluna.

Um estudo de Ana Paula Arantes sobre os maiores arrependimentos reconhecidos por quem está prestes a falecer demonstrou que, em primeiro lugar, está a pessoa não ter sido quem realmente é, por ter levado a vida como acreditava que os outros aprovariam. Isso equivale a um gato tentar ser cachorro para agradar às pessoas. Seja qual for o sentido atribuído à vida, ele se perde se ela não for real.

Também a diversidade da criação revela a sabedoria de Deus. Assim como não pode um gato ser feliz como cachorro, não pode uma pessoa ser feliz de verdade sem viver de verdade – sem viver toda a sua identidade. De quê nos arrependemos? Queremos mudar? Sempre há tempo. Então, viver fará todo o sentido.

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