Dólar volta a subir e vai R$ 3,8627 em dia de preocupação com eleições

Por Altamiro Silva Junior, Estadão Conteúdo

O dólar teve uma manhã volátil, mas firmou alta na parte da tarde desta segunda-feira, 16, e subiu 0,34%, terminando o dia em R$ 3,8627. O real e o peso argentino estão entre as moedas com pior desempenho ante a divisa dos Estados Unidos hoje, considerando os principais países emergentes. O dólar caiu ante moedas como o peso mexicano e o rand da África do Sul. Operadores relatam que o cenário externo mais cauteloso, marcado por forte queda dos preços do petróleo nesta segunda-feira, e preocupações com o cenário eleitoral brasileiro estão entre os fatores que estimularam as compras de dólar hoje.

A liquidez no mercado hoje foi menor que outros dias e, segundo operadores, movimento de compra por algumas tesourarias de bancos e importadores estimularam a alta da moeda. No mercado futuro, o giro estava em US$ 11 bilhões às 17h20. No mercado à vista, a liquidez foi de US$ 611 milhões, a metade de outras sessões. O giro menor reflete a cautela antes de eventos importantes nos próximos dias, que inclui dois depoimentos no Congresso dos EUA do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, nesta terça e quarta-feira.

As eleições “altamente incertas” devem seguir contribuindo para pressionar o dólar no Brasil, prevê o banco norte-americano JPMorgan, destacando ainda que a perspectiva fiscal do País, que já era fraca, pode ficar ainda mais deteriorada com medidas em discussão no Congresso que podem ou aumentar as despesas do governo ou reduzir a arrecadação. O banco vê chance de o real bater em R$ 4,00 em setembro, ou seja, um mês antes da votação nas urnas. Outro fator que deve seguir pressionando o dólar é a ampliação da tensão comercial entre os EUA e a China, destaca relatório do banco nesta segunda-feira. Para dezembro, a previsão da moeda norte-americana no Brasil foi elevada de R$ 3,60 para R$ 3,80.

Na avaliação do economista e diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme, o mercado de câmbio neste momento ainda não sinaliza comportamento que determine a necessidade de intervenção do BC. Para ele, não há demanda por proteção cambial adicional à rolagem dos contratos que vencem em agosto que o BC já vem fazendo diariamente. Na expectativa de Nehme, com os atuais fundamentos, o preço da moeda americana é “sustentável” entre a faixa de R$ 3,80 a R$ 3,95, valor que tem oscilado nas últimas semanas.

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