Entre cães e gatos I

Existe no Brasil hábito nem sempre salutar de se considerarem cães e gatos como “um tipo” de animal. São ambos animais de companhia, podem habitar espaços domésticos conjuntamente com adultos e crianças, precisam ser cuidados por seus tutores… mas as semelhanças não vão muito além dessas. Gatos são muito diferentes de cachorros…

A maior diferença entre gatos e cachorros é fisiológica. São espécies bem distantes, nem sequer “aparentadas”. Dá pra dizer que cães e gatos são “mais diferentes” entre si do que homens de chipanzés. O ponto em comum entre gatos e cachorros é a ordem (Carnivora); entre homens e chipanzés, a tribo (Hominini). O número de categorias taxonômicas que distanciam um gato de um cachorro reflete aproximadamente metade de toda a escala de classificação de seres vivos existentes – é muita coisa! Por isso que o atendimento veterinário de gato é tão diferente do dedicado ao cachorro… Do mesmo modo como eventuais medicamentos prescritos, a ração recomendada e uma série de outros cuidados.

Cães e gatos entendem o mundo de forma diferente, e também se relacionam com outros animais e pessoas de maneira diversa. Cães precisam entender e respeitar a hierarquia, para serem felizes. Isso faz parte da identidade de um cachorro. Por isso, liberdade sem limites deixa o cachorro nervoso, instável. Ele não é feliz, refletindo estabilidade emocional, se não souber claramente quem é o alfa, e esse alfa não souber lidar com ele de maneira calma, tranquila. Por isso, o tutor de um cachorro precisa ser calmo e firme com ele, bem como com pessoas quando estiver perto do cachorro. Como uma criança pequena, o cachorro reage muito mal a uma briga de casal ou outra situação doméstica que reflita agressão, podendo atacar alguém na tentativa impedir o que entende ser uma briga. Cachorros sabem que os tutores são de outra espécie. Numa relação saudável, cachorros entendem que os humanos devem comandar e fazem de tudo para agradar o tutor; vivem por um carinho! Em situações de desequilíbrio relacional, podem entender que são também humanos, passando a disputar com “outros humanos” por brinquedos, espaço (urinam sobre coisas pessoais dos tutores), etc.

Já um gato é como uma outra pessoa dentro de casa: um companheiro independente. Tem vontades próprias e sua amizade precisa ser conquistada. Não se compra por comida e não se curva ao autoritarismo. Um tutor nervoso cria um gato medroso, ou agressivo, ou ambos, jamais obediente. A relação com um gato é construída na base da confiança e do carinho recíprocos. Gatos são naturalmente doces, gentis e curiosos, e assim permanecerão se forem bem cuidados. Eles gostam de carinho, mas não vivem buscando agradar ou ser agradados. Gatos frequentemente entendem que pessoas são gatos grandes e convivem na condição de “iguais”, podendo disputar com os “gatos grandes” quando não castrados.

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