A decisão foi anunciada por meio de comunicado oficial divulgado nesta terça-feira, 31. “Por decisão da presidência da instituição, foi revista a demissão dos funcionários […]. Motorista e enfermeiro foram advertidos quanto aos riscos do procedimento adotado pela equipe e serão reintegrados aos quadros do instituto. O médico informou que não deseja ser reintegrado”, diz o documento.
Tudo começou quando a equipe da Unidade de Suporte Avançado (USA) – formada pelo médico Júlio César Moreno Jr., pelo enfermeiro João Ribeiro e pelo motorista Leandro Miranda -, encontraram um cão perdido na rua. O animal estava com o nome do dono na coleira e, para evitar acidentes ou desvios de rota da ambulância, eles o levaram até a base do Samu, num trajeto que durou alguns minutos.
“Fomos abordados próximos a um viaduto e pensamos que podia ter acontecido um acidente. Depois vimos que era um cachorro e decidimos levá-lo até a base, para tirá-lo do local de risco”, declarou Miranda em vídeo divulgado nas redes sociais.
O Instituto justificou a demissão com base na portaria 2 048/2002 do Ministério da Saúde, que estabelece diretrizes para o atendimento de urgência e emergência. Também alegaram que a equipe em momento algum se comunicou com a base para saber qual era a melhor decisão a ser tomada.
Assim que anunciaram o caso nas redes sociais, a situação foi repercutida entre os moradores da cidade e ganhou grandes proporções. “Prefiro perder o emprego milhões de vezes ao lado de vocês e salvar quantos cachorros aparecerem em nossa frente do que sermos farinha do mesmo saco de quem nos demitiu por isso”, declarou o médico.
Por se tratar de uma ambulância UTI, a presença de animais pode ser prejudicial por possíveis contaminações. Os funcionários alegaram que transportaram o cachorro na cabine, onde não há contato com os pacientes. “Pode ter sido um erro, mas poderiam ter conversado mais com a gente, ter dado a chance de expormos o que aconteceu”, reclamou Miranda.
A vereadora local Viviane Aquino saiu em defesa dos trabalhadores, alegando as boas intenções dos profissionais. “[Depois da demissão], receberam um chamado de socorro e salvaram uma vítima de parada cardiorrespiratória. Mesmo demitidos, priorizaram a vida e a ética profissional”, escreveu em seu Facebook.
O médico Júlio César Moreno Jr. declarou que, por hora, recusará o convite de retorno. “Vou seguir meu caminho de coração leve por saber que a justiça foi feita e que os meninos foram reintegrados. Obrigado a todos pela grande comoção”, disse.