A formação do Médico Veterinário

Certamente o amigo leitor já ouviu falar que “a faculdade informa, não forma”. Será?…

O conceito de informação é amplo. São muitos os canais pelos quais chega informação até nós: jornais, revistas, internet, conversa de vizinhos, etc. Isso em se considerando somente a informação verbal; a que chega em maior quantidade é a não-verbal, que abrange todo o restante. Por exemplo, a conformação das nuvens e o sentido do vento informam as condições do tempo. Não menos evidente é o olhar das pessoas, que muitas vezes comunica pensamentos melhor do que as palavras. Tudo, portanto, pode informar um observador atento. Assim, também a faculdade não deixa fornecer informação aos alunos. Mas, a mera informação basta ao estudante, que pretende tornar-se profissional? E basta a quem precisa confiar o melhor amigo aos cuidados desse profissional?…

Já o conceito de formação é mais estrito, muito mais consistente que o da informação. Como um oleiro forma um vaso a partir do barro, tornando-o útil para desempenhar uma função, assim desejam o estudante e seus familiares, investindo tempo e economias expressivos, que o aprendizado universitário forme o aluno num profissional ao menos capaz de desempenho técnico adequado. Para isso, além das teorias, as faculdades oferecem muita prática laboratorial e estimulam estágios, sendo no mínimo um estágio intensivo obrigatório, com supervisão concomitante de veterinário externo à faculdade e de professor da faculdade, devendo o estudante revelar excelência em seu desempenho e apresentar pelo menos um relatório detalhado ao final. Além disso, toda a prática sob orientação de médico veterinário é, evidentemente, bem-vinda. Claro, há áreas de formação que exigem mais estudo. Um aluno não se forma, por exemplo, cirurgião cardiovascular, em cinco anos; talvez em dez ou doze anos…

A medicina veterinária é um curso que exige muito de seus estudantes, bem como de todo o corpo docente (professores) e, também, da universidade (a estrutura é cara para se montar e para se manter, com laboratórios, hospitais, etc.). Tudo isso para se assegurar que, quando o médico veterinário recém formado for atender a um paciente, por exemplo à única vaquinha de leite de um pequeno produtor, em parto distócico (digamos, bezerro “enroscado”), ele esteja preparado para oferecer um trabalho ético, tecnicamente adequado, provendo chances reais de sobrevivência do bezerro e da vaquinha. E quando for fiscalizar abatedouros, laticínios, queijarias, supermercados?… Há muito mais envolvido num atendimento veterinário do que o amor pelos animais.

Agora, com todo o respeito às inovações tecnológicas, as quais muitas vezes convêm, vamos refletir juntos: é adequado uma formação com tanta necessidade prática e tanta responsabilidade em mãos ser oferecida pela internet (educação à distância – EaD)? O aluno seria formado, ou somente informado? Haveria nisso segurança?… Certamente, o que valer para medicina veterinária também valerá para medicina humana; é questão de tempo.

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