O bicho homem e a água

O gaúcho saiu da estância do Alegrete e chegou a Porto Alegre. Casas altas, umas em cima das outras (prédios); palanques altos, com cipós finos entre eles (posteamento da rede de luz); estradas perigosas (ruas)… E veio um ônibus. O gaúcho “saltou de banda” e ficou olhando… Uma moto que seguia atrás o atropelou e, então, ele contou, mais tarde: “Escapei da égua, mas o potrilho me pegou!”. O homem pode escapar da colisão de asteróides, da letalidade de bombas nucleares (como da “égua”), e pode ser vítima da falta de água (o “potrilho”).

Parece que temos vocação para “viver perigosamente”, porque destruímos os animais, as florestas, a água… A água? Ninguém destrói a água, é certo – Lavoisier: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” -, mas podemos “destruir” (tirar dela) sua potabilidade, torná-la imprestável para o consumo…

Nem seria muito fácil endender ou admitir qualquer problema referente à água, porque o Brasil detém cerca de 25% de todas as reservas de água doce do mundo. A médio prazo (50 a 80 anos), ainda teríamos água em abundância, mesmo que tivéssemos que ir apanhá-la mais longe… No entanto, precisamos lembrar que o nordeste detinha água abundantemente e hoje precisa do grande desvio do rio São Francisco… Alguma coisa de errado aconteceu no nordeste, ou com o nordeste… E coisas erradas podem estar acontecendo, ou em vias de acontecer, em outras regiões. Para entendermos isso, precisamos conversar.

Primeiramente, atentemos para o corpo humano, que é composto por 50 a 75% de água (comumente, 60 a 65% em adultos). Isto por si só já explica a importância da água para a vida humana, e a nossa dependência da água… Ela é indispensável também para animais e plantas, para o equilíbrio do ar que respiramos, para o equilíbrio das temperaturas na face da Terra… Ela pode se apresentar em estado sólido (gelo), líquido ou gasoso (vapores, umidade do ar), e tem funções importantíssimas nessas três formas. É mais abundante na superfície do planeta – rios, lagos, mares e oceanos -, mas também encontradiça sob a superfície (lençóis freáticos) e nos ares (núvens que podem elevar-se a 20 mil metros). Das alturas, ela desce em forma de névoa, garoa, chuva e granizo. Como névoa, ela vem mansa; como granizo, chega com perigo de danificar não só telhados, mas principalmente plantações. O granizo, em questão de minutos, pode destruir produções de frutas, granjas de verduras e, mesmo, lavouras de milho, soja, etc.

Água em excesso ou escassez traz sérios dissabores. Também o modo como se apresenta e sua potabilidade são fatores cruciais. Convidamos o amigo leitor a nos acompanhar, percorrendo junto, durante as próximas semanas, os principais aspectos relacionados à interação entre a nossa espécie, a nossa sociedade e a água.

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