Escassez e contaminação da água

Elle était lá… une planète ravagée pour l’cupidité de l’homme” (“Ele ficava lá… um planeta assolado pela ganância do homem”) – Jacques Hoven, por meio do personagem Delten, apud “Adieu Cérèd”, quando os últimos habitantes deixavam o planeta tornado inóspito. Nesta obra de ficção científica francesa, ao que tudo indica, Delten profetizou, em meados do século passado, a destruição do planeta pelo homem…

Vimos que o excesso de água põe o homem em apuros. E a escassez?… Se faltasse água, como ficaria o homem? E o planeta Terra?

“Temos um quarto da água potável do mundo. Estamos tranqüilos.” – assim muitos pensam, no Brasil. Tranqüilos?… O nobre leitor já viu onça ou leão brigando por comida? Eles se matam!… É o que aconteceria se na Europa, na Ásia ou na Austrália, por exemplo, faltasse água potável. Viriam brigar conosco. Claro, num primeiro momento se disporiam a comprar (e já estão comprando reservas expressivas). Num segundo momento, passariam a dizer que a água é um bem universal e que ninguém é dono dela… Depois, viria o ataque direto. O amigo já não ouviu falar na “universalização da Amazônia”? Não é de agora… Tais ideias já vêm de 30, 40 anos… Tem muita gente “de olho grande” na nossa água.

Existem “fronteiras” para o consumo de água que vão além da geográfica. A fronteira quantitativa é uma; mas, em havendo quantidade e estando esta geográfica e economicamente disponível, há que se perquirir da qualidade dessa água. Talvez o primeiro fator a se considerar seja a sua potabilidade, a qual nada mais é do que o menor padrão de qualidade (microbiológico, químico e físico) em que a água pode ser consumida sem causar danos à saúde.

Hoje, filtros poderosos removem quase todas as impurezas da água, menos os hormônios. É o problema da Inglaterra… Os filtros também não conseguem, em nível de abastecimento de cidades, remover alguns venenos, especialmente aqueles que estavam na moda como defensivos agrícolas até 1980 (e ainda são usados clandestinamente): Aldrin 40, BHC, etc. Nas regiões agrícolas, era comum a mortandade de peixes – isto porque alguma enxurrada levava algum mínimo do veneno para um rio… E a mortandade de peixes de Palhoça (SC) até Paranaguá (PR), desde ano e meio até oito meses atrás?… Na Baía da Babitonga (SC) a pestilência afugentava qualquer pescador mais atrevido… Há cidades em que até profundos poços artesianos estão contaminados – costumo mencionar Presidente Prudente (SP), porque lá veneno é encontrado em grandes profundidades.

A própria água de consumo doméstico sai contaminada por sabões, detergentes, líquidos corrosivos (como soda cáustica, ainda usada para desentupir), etc. A simples água de chuveiros e vasos sanitários conduz hormônios (que podem alterar funções orgânicas em pessoas e animais, inclusive fazendo nascerem pêlos ou inibindo o surgimento deles).

Escassez e contaminação andam de mãos dadas. Meditemos neste assunto. Continuaremos conversando sobre isto na próxima semana.

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