Delator afirma que ministro Ricardo Barros “vendeu” cargo no governo estadual

Brasília - O ministro da Saúde, Ricardo Barros, participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O jornal Folha de S.Paulo publicou uma reportagem hoje (01/09) que descreve trechos da delação premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor – acusada de envolvimento na Operação Quadro Negro – em que  ele afirma que o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP)  teria negociado um cargo no governo do Paraná. De acordo com informação da Folha – que teve acesso aos anexos da delação – em troca da nomeação de Marilane Aparecida Fermino, colaboradora da construtora em outra pasta do governo, a empresa repassaria R$15 mil reais mensalmente que supostamente foram entregues a Juliano Borghetti, cunhado de Barros – irmão da vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti.

Marilane foi nomeada na vice-governadoria, mas o ministro – então deputado federal à época da suposta negociata – e Juliano Borghetti negaram que os pagamentos feitos por Eduardo Souza tenham ligação com a compra do cargo. Ao jornal, ambos afirmaram que Borghetti recebeu da Valor porque trabalhou por cerca de três meses na construtora como período de experiência.

Em nota emitida pelo ministro à Folha, Barros afirma que Marilane é servidora de carreira do Paraná, que ocupou cargo na Secretaria de Educação e foi nomeada à vice-governadoria, mas trabalhou efetivamente na Casa Civil. A servidora não se manifestou.

A vice-governadora, em nota, também nega as afirmações da suposta delação e a insinuação da troca de cargo.

Nota do ministro Ricardo Barros

“Pelas informações, trata-se de delação no âmbito da operação quadro negro.

Destaca que os fatos citados nada tem a ver com esta operação, pois Juliano trabalhou por três meses na Valor, empresa do pretenso delator, em período posterior às irregularidades citadas e anterior ao seu conhecimento público.

A operação Quadro Negro já virou inquérito e ação na justiça há mais de um ano. Todos os envolvidos já foram ouvidos e não houve qualquer citação ao ministro.

Quanto à insinuação de “troca de cargo” envolvendo a servidora Marilaine Firmino, a suposta acusação não procede, pois ela é funcionária de carreira do Estado e nunca trabalhou na Secretaria do Meio Ambiente.

Antes do episódio, ela ocupava cargo na secretaria de educação, foi nomeada em FG da vice governadoria, mas trabalhou efetivamente na casa civil. Depois, em abril, foi para a secretaria de administração, em março de 2017 alocada na secretaria de desenvolvimento urbano como ouvidora, e em julho de 2017 voltou para a secretaria de administração.

A menção à colaboração voluntária da empresa no período de campanha é no estrito cumprimento da legislação eleitoral à época.

O ministro já solicitou ao ministro do STF, Luiz Fux, a abertura de sindicância para identificar os autores do vazamento, conforme preconiza a lei. O vazamento prejudica os citados, na medida em que nem ele nem seus advogados tem conhecimento sobre o conteúdo efetivo da delação, e se ela de fato existe.

O ministro também solicitará, se ou quando, notificado a separação deste suposto fato envolvendo R$ 45 mil do conjunto da Operação Quadro Negro, pois não há efetivamente nenhuma conexão entre os fatos que, segundo o que se sabe da narrativa do delator ocorreram em períodos distintos.

Juliano, no ano passado, já fez sua declaração no processo judicial reafirmando sua condição de contratado pela empresa valor onde recebia salário.

O ministro esta à inteira disposição para esclarecimentos quando tiver acesso ao inteiro teor da suposta delação, reafirmando sua lisura no exercício da função pública”.

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