Cuidado! Cobras!

Já tivemos oportunidade de conversar sobre cobras de todas as regiões do Brasil. Se o amigo leitor leu, vai lembrar que cobra, embora bonita, quase sempre representa ameaça.

Em dois momentos do ano, essa ameaça é mais presente: outubro e abril/maio. Outubro, porque é o período do acasalamento, com intensa movimentação e, consequentemente, maiores possibilidades de se esbarrar nelas. Demais disso, quando o casal está junto, quase sempre há mais alguns machos bem próximos. O perigo advém da ausência da tradicional timidez das cobras, que, de regra, fogem mediante a aproximação do homem. Nessa fase, contudo, elas não fogem e quase sempre se postam em posição de ataque.

Em abril e maio, o motivo é outro: a faina alimentar. No sudeste e no sul, a maioria das cobras hiberna; por isso, precisa estocar gordura – para sobreviver a três, quatro ou cinco meses de frio… A busca incessante por alimento obriga as cobras a se movimentarem muito mais do que o seu normal, o que multiplica as oportunidades de encontrarem pessoas pelo caminho. Claro que não é só porque há essa aproximação, mas também porque muitas pessoas distraídas acabam pisando e, até, pisoteando alguma cobra, que se defende picando.

Sabendo disso, devemos prestar atenção quando estamos em áreas mais propícias para cobras – de regra, a mata, a floresta, a capoeira, o capim… mas também em meio a entulhos, como montes de lenha, de galhos, de pedras, de tijolos, de cacos de telhas… Onde houver ambiente que possa esconder uma cobra, o risco de encontrá-la é maior. Outra regra pra nos orientar: onde tem rato, tem cobra.

Quanto às variedades, como regra, a grande família botrópica costuma permanecer boa parte do tempo e da vida em locais úmidos: banhados, charcos, beira de riachos, etc. Raramente uma jararaca é encontrada no alto, num ambiente mais seco ou pedregoso. Nesse ambiente seco, de cascalho ou pedra, a coral e a cascavel costumam instalar-se.

Em nossa região, raras as cobras que não das seis ou sete variedades de jararaca, as quais incluem o jararacoçu, que chega a metro e meio de comprimento, e a cotiara, a mais “nervosa” da família. Felizmente, são poucas as cotiaras em toda a região; mas precisamos enfatizar que há muitas, muitas jararacas. O antídoto é o soro antibotrópico, que deve ser ministrado (injetado) o quanto antes.

De notar-se que muitas pessoas não têm a necessária experiência em visualizar uma serpente. Mesmo pessoas experientes se surpreendem com o quanto a cobra é capaz de se esconder, de se dissimular (pela sua capacidade de se camuflar, confundindo-se com o meio). Lembremos que a cobra não tem altura, nem costuma ter cores berrantes nem emitir sons (o silvo da cobra é quase imperceptível).

Caro leitor, de tudo isso se conclui que a prudência deve nos acompanhar sempre.

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