Eventos destacam a importância dos negros na história de Curitiba

A importância do protagonismo negro e dos clubes operários de Curitiba será destacada na visita guiada ao Cemitério Municipal neste sábado (12/5). A pesquisadora Clarissa Grassi vai mostrar ao público a relevância de personalidades negras para a capital do estado. O evento está com as inscrições esgotadas.

“A visita vai ressaltar a importância de conhecer e reconhecer essas trajetórias. O objetivo é trazer à tona a história dessas pessoas que foram essenciais para a formação de Curitiba”, afirmou Clarissa.

Entre os destaques, a visita vai percorrer o túmulo de Enedina Alves Marques, a primeira engenheira negra do Brasil; Maria Nicolas, que foi professora e escritora, com mais de 30 livros escritos. O roteiro ainda vai apresentar a trajetória de Vicente Moreira de Freitas. Ele foi escravo e, enquanto construía a Catedral de Curitiba, conseguiu a liberdade em 1884, após 27 anos de escravidão, através de decreto do Fundo de Emancipação.

Clube

Anos mais tarde Vicente teve também um papel social relevante. Em 1888, dez dias antes de a Lei Áurea ser sancionada, ele se juntou a outros ex-escravos e fundaram o Clube 13 de Maio. A entidade surgiu com o objetivo de prestar ajuda à comunidade negra. Esse apoio consistia em agregar ex-escravos com auxílio médico, hospitalar, financeiro, educacional, social e funeral.

“A gente consegue conhecer o ativismo negro. Não é de uma hora para a outra que eles chegaram. Eles sempre fizeram parte da cidade. A presença negra permeia toda a história de Curitiba e isso precisa ser reconhecido”, destacou Clarissa Grassi. De acordo com a pesquisadora, muitos clubes operários foram formados por negros. “O Clube 13 de Maio tem túmulos no Cemitério Municipal, espaço que teve parte dos seus muros construído por negros”, completou.

Sarau literário

Com a temática Abolição da Escravatura no Brasil, neste sábado (12/5), das 16h às 19h, o Teatro Universitário de Curitiba (TUC) recebe o Sarau Litero Musical Poetas em Movimento. O evento é coordenado pela Feira do Poeta.

Abordando o tema, a Rua da Cidadania do Tatuquara também recebe o Sarau no mesmo dia, das 15h às 18h. No evento destaque para os poetas Cruz e Souza, Luís Gama, Solano Trindade, Adão Ventura, Emiliano Perneta, entre outros. Ambos os eventos têm entrada franca.

Ritmos

A capoeira, a roda e os saberes dos mestres serão apresentados no sábado (12/5), às 14h, na região que abriga as Gameleiras Sagradas, na Praça Tiradentes, com a Roda de Rua. A gameleira é moradia de Iroco, um raro orixá de origem Iorubá. Iroco também é moradia de espíritos infantis e está associado a longevidade, já que a gameleira vive por mais de 200 anos.

Na praça ainda existe outro símbolo importante para a comunidade negra, um caminho feito de pedras que revela a importância da mão de obra negra para o processo de urbanização da capital paranaense.

Já no domingo (13/5), o Pavilhão Étnico valoriza a cultura negra com os ritmos musicais da Capoeira, Maculelê e Jongo. A atração começa às 11h e vai até o meio-dia no palco da Praça Iguaçu, no Memorial de Curitiba. O evento é gratuito e tem classificação livre.

Exposição

Em cartaz desde março na Casa Romário Martins a mostra “Presença Negra em Curitiba” retrata a importância dos negros na formação e desenvolvimento da cidade. Os ofícios de carregadores, calceteiros, extratores e beneficiadores de erva mate, funções desempenhadas pelos negros no surgimento da cidade são retratadas, assim como os ofícios qualificados de pedreiro e carpinteiro nos séculos 18 e 19.

A exposição também apresenta o protagonismo feminino, que foi evidente nos trabalhos das casas, roças e no comércio urbano. A evolução no mercado de trabalho também é apresentada. No decorrer do tempo, constituíram associações, produziram arte de qualidade admirável e tornaram-se profissionais de destaque em vários campos de atuação – na advocacia, na engenharia, na docência, entre outros.

Lei Áurea

No domingo (13/5) completam 130 anos que a Lei Áurea foi assinada abolindo a escravidão no Brasil. Mas para a população negra, a data representa um dia de luta e resistência contra o racismo.

Para Adegmar da Silva (Candiero), assessor de promoção de igualdade racial de Curitiba e conselheiro do Conselho Pleno do Ministério da Cultura/Setorial de Cultura Afro-brasileira, a data simboliza a resistência de um povo. “A cultura negra é originária do trabalho. Temos que ressaltar que a nossa história é de luta, dor e vitória. Temos conquistas importantes e vitórias nesse processo”, afirma.

Candiero ressalta a importante contribuição da população negra curitibana em diversas áreas, e dentre tantas, destaca a construção da Igreja do Rosário, inicialmente chamada de Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito. “A Igreja do Rosário é a segunda igreja construída em Curitiba. Foi feita por negros e para os negros”, afirmou. Ele ainda aponta o rumo para o reconhecimento. “A arte é um caminho para valorizar a importância da cultura negra. Lutamos para manter a essência da nossa cultura viva”, definiu.

Serviço

Sarau Litero Musical Poetas em Movimento

Data: 12 de maio

Local 1: Teatro Universitário de Curitiba – Galeria Júlio Moreira, das 16 às 19h

Local 2: Rua da Cidadania do Tatuquara – Rua Olivardo Konoroski Bueno, s/n, Esquina com a Rua Pres. João Goulart – Tatuquara, das 15 às 18h

 

Roda de Rua na Tiradentes

Local: Praça das Gameleiras Sagradas, Praça Tiradentes.

Data e horário: 12 de maio, às 14h

 

Pavilhão Étnico – “Capoeira, Maculelê e Jongo”

Local: Memorial de Curitiba – Rua Claudino dos Santos, 79

Data e horário: 12 de maio, das 11h às 12h

Exposição Presença Negra em Curitiba

Local: Casa Romário Martins – Largo Coronel Enéas, 30 (Largo da Ordem) Visitação: das 9h às 12h e 13h às 18h, de terça a sexta-feira, e 9h às 14h no sábado, domingo e feriados.

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