Dólar cai 3,15% em julho e tem primeiro mês de queda desde janeiro

Por Altamiro Silva Junior, Estadão Conteúdo

O dólar fechou julho acumulando desvalorização de 3,15%. Foi o primeiro mês de queda da moeda norte-americana desde janeiro, quando perdeu 3,76% e fechou em R$ 3,19. O mês de julho foi marcado pela falta de atuação extraordinária do Banco Central, mas especialistas alertam que esse ambiente de relativa calmaria no câmbio pode acabar no mês que se inicia, quando as eleições devem crescentemente influenciar os preços dos ativos.

Na sessão de hoje, porém, a moeda norte-americana acabou subindo, pressionada mais cedo pela disputa da formação da Ptax, o referencial que serve de base para a liquidação de contratos cambiais de agosto, e pelo desempenho do dólar no exterior, que subiu ante moedas como o peso mexicano, argentino e o rand, da África do Sul após a divulgação de indicadores de atividade melhores que o previsto. O dólar à vista fechou esta terça-feira, 31, em alta de 0,70%, cotado a R$ 3,7554. Em 2018, a divisa dos Estados Unidos avança 13,27% no Brasil.

Os especialistas ressaltam que dois fatores, um no mercado externo e outro no doméstico, contribuíram para a queda do dólar no período. No cenário internacional, foi o arrefecimento das tensões comerciais no exterior, sobretudo após o estreitamento das conversas entre a Casa Branca e a União Europeia. Já no mercado doméstico, o apoio dos partidos do Centrão ao pré-candidato Geraldo Alckmin ajudou a aumentar a percepção nas mesas de operação de que o tucano, um dos nomes preferidos do mercado, têm mais chance de crescer nas pesquisas, pois terá maior tempo no programa eleitoral gratuito.

A melhora do quadro externo e o maior apetite por risco de países emergentes ajudou a atrair recursos externos para o Brasil nas últimas semanas, ajudando a reduzir a pressão no câmbio. O fluxo cambial total estava positivo em US$ 4,6 bilhões até o dia 24, segundo o Banco Central.

“Olhando para a frente, claro que o cenário externo vai estar presente e influenciar o câmbio, mas as eleições ganham espaço”, ressalta o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa. “Estamos entrando em momento de alta volatilidade”, afirma ele, destacando que as cotações do dólar podem oscilar conforme o desempenho dos candidatos nas pesquisas.

Os estrategistas da Icatu Vanguarda têm avaliação semelhante: “os ativos locais continuam seguindo o humor global a risco, com uma sensibilidade que deverá se tornar mais elevada a qualquer mudança no cenário eleitoral, à medida que as eleições se aproximam”.

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