Briga na Soja

Estamos vivendo uma fase de grandes conflitos. Agora é a soja que entra no campo de batalha. O Brasil e os Estados Unidos estão travando uma batalha pela liderança mundial na produção e comercialização da soja. O grande cliente é a China.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou uma grande guerra comercial com a China. O principal motivo é a liderança mundial. Hoje os Estados Unidos impõem a sua liderança através do medo. Tem um exército poderoso. O seu diferencial é o domínio tecnológico.

A China com o seu grande crescimento econômico logo passará os norte-americanos no poderio econômico. Isso é evidente para todos. As nações com as maiores populações do mundo, principalmente China e Índia, vão crescer muito economicamente e mudar a ordem mundial na distribuição da riqueza.

Resta aos Estados Unidos tentar manter a sua liderança tecnológica em armamentos. Essa é a Guerra de Trump, que os Estados Unidos tentam esconder os motivos.

O ponto fraco da China é a importação de alimentos. Ela simplesmente não consegue produzir alimentos suficientes para manter a sua população. Hoje a China importa 100 milhões de toneladas de soja por ano. O Brasil fornece 50 milhões, os Estados Unidos 30, e outros países, principalmente a Argentina, 20 milhões.

Os agricultores dos Estados Unidos foram um dos grandes eleitores do Trump. Sabendo disso, a China aumentou em 25% as tarifas de importação da soja norte-americana. O que derrubou o preço da soja na Bolsa de Chicago, em 25%, levando os agricultores norte-americanos ao desespero. Nos preços atuais eles têm um grande prejuízo. O governo norte-americano acenou que irá ajudar os agricultores com grandes empréstimos. O que só adia a questão.

No outro lado da moeda, os preços da soja no Brasil dispararam, pois, a China não cobra imposto de importação da soja brasileira. O que aumentou muito o lucro dos agricultores brasileiros. Neste contexto explodiu a Greve dos Caminhoneiros que parou o país. A solução foi tabelar, bem para cima, o preço dos fretes. Que, por sua vez, reduziu muito os ganhos dos agricultores. A comercialização da soja no mercado futuro se reduziu, mas as exportações físicas não. O Brasil vai aumentar muito as exportações de soja para a China neste ano.

Resta a questão do que vai acontecer no futuro. Como os agricultores norte-americanos vão resistir a essa maré de preços baixos? O quanto o Brasil vai aumentar a sua produção soja nos próximos anos? Que impacto vai ter isso na economia brasileira?

Para piorar a incerteza, nos últimos dias se formou algumas nuvens negras na produção da safra de soja norte-americana deste ano. Até a semana passada a soja estava se desenvolvendo muito bem. De repente o cenário mudou. As chuvas começaram a rarear num momento muito sensível, a fase de enchimento dos grãos. Uma seca de 30 dias muda todo quadro da produção mundial de soja.

A Argentina neste ano perdeu 35% da sua produção de soja, 20 milhões de toneladas, por causa do clima. A produção mundial é de 330 milhões de toneladas. Uma possível quebra de 10% na produção prevista norte americana que é de 120 milhões de toneladas, deve instabilizar o mercado mundial. Que já está tenso por causa das quebras da produção de trigo na Europa e na Austrália.

Um novo aumento no preço da soja nos portos brasileiros deve mexer com os fazendeiros brasileiros. Eles terão mais vontade ainda de aumentar a safra 2018-2019, que começa a ser plantada em setembro. O que deve estimular mais ainda a nossa economia.

O futuro parece ser muito promissor para a agricultura brasileira de exportação nos próximos anos. O Brasil tem condição de substituir os Estados Unidos na venda de soja para a China num prazo de dois a três anos. É o único país no mundo que pode fazer isso. Os Estados Unidos e a China sabem disso. Só que ninguém no Brasil está comentando esse assunto. Só se fala em crise econômica e nas próximas eleições. Existe a oportunidade real de um grande crescimento da economia brasileira nos próximos anos.

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