‘Temos uma geração de nadadores campeões mundiais’, diz Cesar Cielo

Por Andreza Galdeano, Estadão Conteúdo

Ídolo do esporte mundial e prestes a se aposentar, Cesar Cielo agora pensa no legado que vai deixar para as próximas gerações da natação. O atleta do Pinheiros afirmou nesta quarta-feira que acredita nos bons resultados da modalidade visando os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

Em entrevista exclusiva ao Estado, o campeão olímpico e dono de 17 medalhas em sete edições de Mundiais, sendo 11 de ouro, conta que está pensando em sua carreira profissional temporada por temporada.

Aos 31 anos, Cielo ainda não sabe quando vai anunciar a aposentadoria, mas, apesar de não enxergar a sua participação na próxima Olimpíada, ele vê um futuro de conquistas para o Brasil. Confira abaixo a entrevista:

Se antes a sua preocupação era com os resultados nas competições, hoje podemos dizer que você se preocupa com o legado que vai deixar para as próximas gerações?

De certa forma eu acho que sim e ao mesmo tempo vejo que não tenho muito mais a acrescentar no meu legado. Quero ajudar essa nova geração a ter um entendimento do alto rendimento e de comportamento em competição. É uma coisa que eu gostaria de ajudar eles a ter o mais rápido possível.

Como você vê essa nova geração e o futuro do Brasil na natação?

Estamos bem. É uma geração com campeões mundiais, com a Etiene [Medeiros] aí, o revezamento muito bem, o Bruno [Fratus] vem nadando muito bem também. Acho que já podemos imaginar grandes cenários para as próximas competições. O Mundial do ano que vem em piscina longa deve dar uma ideia muito boa do que deve ser 2020. Espero que a seleção saia de lá com algumas medalhas para começarmos a pensar em medalhas também na Olimpíada.

O Brasil está disputando o Pan-Pacífico com muitos nadadores jovens. Que diferença você vê entre a sua geração e as gerações atuais?

Em questão de comportamento, são gerações parecidas. Brasileiro é sempre um pouco mais brincalhão. Na questão de grupo eu vejo bastante essa rivalidade entre a geração de 2007 até pouco tempo atrás e essa que está entrando agora. Alguns deles eu conheço bem menos, não tive muito contato ainda, mas, pelos resultados, estou vendo que é uma geração que promete boas marcas no futuro e o primeiro teste deles é agora no Pan-Pacífico. Vão pegar seleções fortes e vamos começar a mensurar se eles vão conseguir grandes resultados a partir de agora.

Acredita que os nadadores brasileiros ainda apresentam dificuldades em relação às competições realizadas no País?

No Brasil temos poucas competições, tem praticamente três competições por ano e acho que isso acaba tirando um pouco aquele lado que nos Estados Unidos e na Europa é mais forte. Hoje é importante ver que meus companheiros de seleção e de treino estão mais confortáveis em competição, que estamos conseguindo grandes resultados.

Quem você destaca nos próximos torneios?

Alguns medalhistas como o Bruno e a própria Etiene não estão na seleção, então vou por o destaque para as categorias 4x100m livre e os 100m livre como nossas melhores provas agora no Pan-Pacífico.

Qual mensagem pretende deixar para a próxima geração?

Quero deixar a mensagem de que independente do país que a gente vem, independente do que a gente traz para a competição, podemos ser tornar um campeão mundial, assim como eu já fui.

Como você considera a sua participação (fora das piscinas) na formação desses jovens nadadores?

Tenho meu instituto desde 2009 com dois projetos sociais, um competitivo e outro que é de iniciação. Atualmente ajudamos mais de 200 crianças e, há alguns anos, eu tenho tentando mostrar para as crianças que é muita dedicação e treinamento. Eu não cheguei lá de outro forma se não fosse com o comprometimento. Tento ensinar os atletas para que futuramente possamos ter mais campeões.

Como está a sua relação com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA)?

Super bem, acho que o [Renato] Cordani tem sido um grande benefício para a CBDA. Ele tem feito grandes ações e tomado grandes responsabilidades para ele. Temos que agradecer por todo o trabalho que está tendo. Agora queremos que a cúpula da CBDA comece a tomar alguns atitudes para mudar algumas coisas em relação às competições para voltarmos a ter uma natação um pouco maior.

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