Incerteza sobre quadro eleitoral cresce e juros fecham nas máximas

Por Denise Abarca / Estadão Conteúdo

Os juros futuros fecharam em alta, nas máximas, influenciados pelas incertezas do cenário eleitoral e pela pressão no câmbio, na contramão do quadro relativamente calmo nesta quinta-feira, 13, no exterior. As dúvidas sobre a recuperação das condições físicas do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, a tempo de retomar a campanha, pesaram sobre os ativos domésticos, imprimindo viés de alta às taxas.

Na reta final da sessão regular, os DIs ampliaram o avanço e bateram máximas, após notícia sobre supostos repasses de caixa 2 para a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) durante as eleições de 2014, ao mesmo tempo em que dólar se aproximava dos R$ 4,20.

Os principais contratos fecharam com taxas todas nas máximas. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a 8,66%, de 8,476% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2021 em 10,00%, de 9,776% no ajuste anterior.

A taxa do DI para janeiro de 2023 subiu de 11,575% para 11,74%, e a do DI para janeiro de 2025, de 12,384% para 12,50%.

Bolsonaro, que foi esfaqueado na semana passada durante campanha de rua em Juiz de Fora (MG), passou na noite de quarta-feira por uma cirurgia de emergência para retirar aderências do intestino e liberar ponto de obstrução. Segundo boletim médico da manhã desta quinta, ele evoluiu bem após a cirurgia, “sem intercorrências”.

As dúvidas vão desde os rumos da campanha durante o período de recuperação, que agora pode se estender para além do primeiro turno, a até mesmo a necessidade de uma eventual substituição da cabeça de chapa por outro nome do partido.

Bolsonaro, que cresceu nas intenções de voto captadas pela pesquisa Ibope após o atentado, é visto agora como uma opção ao risco de vitória de um candidato de esquerda na eleição, uma vez que Alckmin, o preferido dos investidores, não consegue evoluir na preferência do eleitorado.

Para piorar, no fim da sessão, as taxas reagiram negativamente à notícia de que diálogos obtidos pela Polícia Federal entre funcionários de uma transportadora de valores usada pela Odebrecht citam supostas entregas de R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo na casa de um ex-assessor do governo Alckmin durante as eleições de 2014.

No câmbio, às 16h41, o dólar à vista, após romper os R$ 4,20 nas máximas, era negociado em R$ 4,1973 (+1,11%). Nas ações, o Ibovespa recuava 0,79%, aos 74.530,85 pontos.

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