A Guerra de Trump (II)

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A Guerra de Trump com a China continua com uma nova roda de aumento de tarifas de importação por ambos. Poucas pessoas imaginavam que esta guerra durasse tanto tempo e fosse tão dura. Algumas pessoas já falam que a guerra poderá durar anos ou talvez décadas.

Os fazendeiros norte-americanos estão em pânico. Os preços dos grãos não param de cair. Mesmo com o subsídio do governo eles não conseguem cobrir os seus custos de produção. A saída é diminuir a área plantada na próxima safra para perder menos.

Para os agricultores brasileiros que produzem grãos para exportação os preços estão excelentes. Ninguém imaginava que a saca da soja chegasse a 100 reais no Porto de Paranaguá. É possível que essa barreira logo até seja ultrapassada. Os chineses não estão comprando nenhuma soja norte-americana. Com essa estratégia os norte-americanos não contavam. Acreditavam que neste ano venderiam pelo menos 30 milhões de toneladas de soja aos chineses. A estratégia chinesa está clara: quebrar os eleitores de Trump.

Com o clima favorável o plantio da safra 2018-2019 já começou no Paraná e no Mato Grosso. Se o clima continuar ajudando as primeiras colheitas já ocorrerão no final de dezembro e começo de janeiro. E os embarques para a China já retomarão com intensidade no início do próximo ano, o que deve reduzir o prazo entre o final das exportações da safra 2017-2018 e o início das exportações da safra 2018-2019. Os estoques de passagem no final de 2018 estarão zerados.

Resta saber o tamanho da próxima safra. As primeiras previsões apontam para uma safra igual a anterior, o que é uma previsão bem conservadora. Só teremos uma ideia mais precisa da safra, por volta de março e abril do ano que vem. O clima vai ser decisivo.

A lucratividade dos agricultores brasileiros está muito alta. Dois dos componentes do preço estão favoráveis. O dólar está em alta no Brasil, devido a crise mundial dos países emergentes, se destacando a Argentina e a Turquia, com grandes desvalorizações das suas moedas. E os prêmios, valores acima da Bolsa de Chicago, estão nas alturas, perto dos 250 pontos (2,5 dólares), por bushel.

Os agricultores brasileiros estão muito desconfiados, o dólar e os prêmios podem cair de repente. A estratégia é aumentar a produção com poucos investimentos de longo prazo, como aumentar a área plantada. Tudo está sendo feito para aumentar a produtividade, o que eleva mais ainda a lucratividade e a produção doméstica.

O item que mais aumenta a produtividade é a produção de uma segunda, e mesmo uma terceira, na mesma área durante o ano. A rotação de culturas é o fator que mais pesa para o aumento da produtividade. As culturas complementares variam de região para região. Em alguns lugares é o milho, em outros é o trigo, noutros o algodão. Ou seja, a soja está forçando uma diversidade na agricultura brasileira.

Não é possível mais pensar numa agricultura de só uma safra por ano. A rotação é fundamental para o crescimento da produtividade. As melhores rentabilidades são conseguidas com a integração da agricultura, pecuária e florestas, que é um modelo sustentável de desenvolvimento agrícola. Quanto maior for a diversidade, maior a rentabilidade.

A Guerra de Trump está acelerando as transformações na agricultura brasileira da porteira para dentro. Da porteira para fora, as transformações são lentas, por causa da falta de assertividade do governo. A construção do arco-norte, um conjunto de portos, ferrovias e rodovias no norte do país, caminha lentamente. Após as eleições de outubro espera-se uma mudança radical, com a intensificação dos investimentos chineses na infraestrutura de exportação.

Num primeiro momento os grandes saltos de produção agrícola ocorrerão pela ousadia dos agricultores brasileiros e com pouco apoio do governo. Após as eleições esse cenário vai mudar. Um governo de direita deve se voltar para o desenvolvimento do país e diminuição das desigualdades. Um novo país vai nascer desta crise.

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