Um dos fatores que marcaram a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República foi a perda de influência da imprensa tradicional. Contra tudo e contra todos, Bolsonaro se impôs. O seu tempo de televisão na propaganda eleitoral obrigatória foi mínimo. A maioria dos jornais era contra as suas ideias. A televisão apresentava-o como uma pessoa de rompantes e destemperada. A maioria da imprensa tradicional defendia o governo existente.
Para o grande público, Bolsonaro falava o que ele queria ouvir, mudanças. Esse foi o motivo pelo qual foi eleito. A sua plataforma foram as redes sociais, desdenhadas pela imprensa tradicional.
Nas eleições anteriores a propaganda na televisão tinha sido decisiva. O Partido dos Trabalhadores gastava fortunas apresentando os seus candidatos, usando o formato das telenovelas. O mundo da televisão era dominador. De repente, esse universo ruiu. As redes sociais substituíram a televisão como principal veículo formador de opinião.
Em consequência, o gasto com propaganda deixou de ser um item decisivo na escolha dos políticos. As eleições deixaram de ser algo decidido pela de propaganda na televisão. A proposta dos políticos passou a ser o item decisivo. Esse foi um salto qualitativo.
Ninguém estava preparado para a mudança. O velho formato de domínio político estava ameaçado pelas investigações da Lava Jato. O dinheiro público já não jorrava de forma descontrolada dos bolsos dos políticos no poder. Esse já era um sinal do início da mudança.
Outro era a explosão dos canais no Youtube. Milhares de pessoas postam vídeos, tentando atrair pessoas. São teias de aranha tentando capturar espectadores. A intereção com o público é muito intensa. As pessoas refletem o que sentem e pensam com relação aos vídeos.
A relação comercial é direta. Os youtubers ganham em função da quantidade de pessoas que assistem os seus vídeos. Cada visualização é um ingresso. A diversidade é enorme. Ideias, temas, pensamentos. Tem espaço para tudo.
Existe muitos outros canais de comunicação nas redes sociais, todos propondo comunicações de diversos tipos. A televisão ficou pequena. A novela uma prisão, uma conformação. As pessoas querem sair dos currais, andar livremente e conhecer o mundo. O mundo das fakes news tomou conta. Saber o que é real e o que é falso, um desafio.
A opinião do leitor é uma construção pessoal. Cada pessoa tenta compreender o que está acontecendo. Os modelos de pensamento vendidos pela televisão estão em contraste com a realidade. As imagens das novelas são ficções, um mundo de sonhos. A realidade é bem mais dura e complexa.
Nesse novo cenário as pessoas sabem em quem não podem confiar. Mas não conseguem descobrir em quem podem confiar. Tudo está sob suspeita. Os canais de televisão perdem espectadores. Mesmo os sites de notícias ligados os grandes grupos estão sob suspeita.
Quem está se comunicando são os novos canais do Youtube. A relação é direta. A credibilidade é construída em cada ação, e perdida em cada contradição. Isso é uma grande mudança. O consumidor das notícias começa ter uma ação ativa. Avalia cada fato com a realidade. Compõe com o que já foi conhecido, constrói a sua própria opinião.
Isso é uma revolução. Antes a sua posição era puramente passiva. Acredita no que era informado como verdade. Não tinha capacidade de compor a sua própria realidade.
Essa postura mudou a liderança do país. O que antes eram líderes, agora deixaram de ser pelo simples fato que a maioria da população já não mais acredita no que falam.
A imprensa que simplesmente divulgava a opinião dos líderes políticos desapareceu. Não tem mais papel na nova ordem social. Foram ultrapassados pelas transformações sociais. A nova imprensa agora é plural. Já não existe mais um só canal que domina a maioria da audiência, que impõe a sua visão da realidade.
A dimensão da comunicação agora é a diversidade. Uma infinidade de canais informa e comunica. Toda essa universalidade de dados precisa ser processada. O conhecimento precisa ser construído. Nada está acabado, tudo está em construção. Uma nova realidade surgiu.
