A essência das transformações que estamos vivendo é moral. O que parecia uma simples troca de partido político, agora se mostra muito mais transformador. A moralidade adentra ao serviço público, algo extremamente raro no Brasil.
Nos últimos anos a corrupção tomou conta do serviço público. Tudo que era feito na área pública estava sob suspeita. Agora o movimento é no sentido contrário. Muitos escândalos vão acontecer, e muito mais profundos que os atuais. O comportamento do funcionário público vai mudar. O Brasil vai mudar.
A composição de novas forças vai construir um novo país. Movimentos de reformas intensas já aconteceram no passado, só que agora a base é outra. Nos últimos anos a absorção de tecnologias foi intensa, fruto de um longo período de crises.
Essa é uma característica do Brasil, estar sempre aberto a novas experiências. Copiamos tudo e transformamos. Na absorção de novas forças nos revitalizamos. Somos por natureza antropofágicos.
A essa base de domínio tecnológico se soma um momento singular.
A disputa entre os Estados Unidos e a China evidenciou a fragilidade do suprimento alimentar da China. Hoje só existem dois países que podem dar estabilidade alimentar à China: Estados Unidos e Brasil. Os norte-americanos demonstraram publicamente que estão dispostos a usar as suas vendas de alimentos como chantagem. Sobrou o Brasil.
Os chineses se lançaram publicamente a dar preferência aos produtos brasileiros. O que é uma forma de retaliar às chantagens norte-americanas. O que despertou um movimento de transformações no Brasil. As exportações de soja para a China cresceram rapidamente. Recordes de embarques foram batidos. Um movimento que poucas pessoas acreditavam que seria possível, devido a nossa deficiência de infraestrutura.
A safra 2018-2019 está no meio do caminho, até agora a coisa está indo muito bem. O clima tem ajudado e a iniciativa dos agricultores intensa. A competição entre os portos está promovendo milagres.
De um lado temos uma remodelagem completa da estrutura de governo. Várias empresas serão privatizadas. De outro, muitas obras de infraestrutura serão disparadas. Logo teremos uma melhora das estradas, principalmente as com condições de manutenção precárias. Estradas estratégicas serão asfaltadas num curto prazo. O que estava atrapalhando era a corrupção.
Obras de fôlego mais longo, como as novas ferrovias, serão iniciadas. Só que são mais caras e demoradas. Estarão prontas daqui a cinco, dez anos. Até lá, as estradas asfaltadas deverão dar conta do recado.
O que será decisivo é a continuidade ou não da Guerra de Trump com os chineses. O próximo obstáculo é a corrida para a reeleição de Trump, em 2020. Até lá é mais provável que a guerra comercial continue. O fundamento deste conflito é o aumento da capacidade armamentista da China. E essa continua crescendo. Os confrontos só acelerarão essa corrida.
O crescimento das exportações brasileiras deve aumentar bastante, principalmente nos próximos dois anos. O superávit da balança comercial deve superar os 100 bilhões de dólares, o que deve dar um impulso para os investimentos estrangeiros. Os chineses serão os principais agentes. Outras nações virão atrás.
Esse novo ciclo de crescimento econômico será bem mais sustentável que os anteriores. Agora uma base moral vai dar condições para que o crescimento tenha uma amplitude bem maior. Talvez dure de 15 a 20 anos, talvez chegue até a 30 anos. Será um período de grandes transformações. O regime democrático vai dar uma sustentação política e a base moral vai possibilitar que todos acreditem no governo e nas suas instituições. Estamos iniciando uma revolução econômica baseada numa estrutura moral.
