Juros fecham em alta com piora de humor no exterior e expectativa pelo IPCA

Por Paula Dias / Estadão Conteúdo

A piora do humor no mercado internacional a partir do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fortaleceu o dólar e promoveu uma elevação das taxas de juros em toda a curva nesta quinta-feira, 10. A alta já era vista desde cedo nas taxas curtas, com as atenções voltadas à divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, nesta sexta-feira, 11. Nas longas, o dia foi de instabilidade, com consolidação da alta à tarde, alinhada à depreciação vista em outros mercados.

Powell disse que o balanço patrimonial do Fed será “substancialmente menor” do que o nível atual e afirmou estar “bastante preocupado” com o endividamento dos Estados Unidos. O dirigente do BC americano disse também que não há um plano predefinido para novos aumentos nas taxas de juros e que a principal fonte de preocupação para o país é a desaceleração da economia global. Como resultado das declarações, o dólar ganhou fôlego ante moedas fortes e emergentes e ajustou as cotações também no Brasil, levando a cotação de volta ao patamar dos R$ 3,70.

Ao final do período estendido de negociação, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 apontou taxa de 6,63%, ante 6,58% do ajuste de quarta. O DI para janeiro de 2021 fechou com taxa de 7,46%, de 7,36% do ajuste anterior. O vencimento de janeiro de 2023 teve a taxa elevada para 8,49%, de 8,39% de quarta-feira. Já o janeiro/2025 projetou 8,98%, contra 8,89% do ajuste anterior.

Segundo Rogério Braga, diretor de gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas Asset, a alta na ponta curta, vista desde mais cedo, esteve bastante relacionada a algumas revisões para cima no IPCA de dezembro, devido à visão de monitores um pouco menos benignos. “Os investidores não quiseram virar o dia tão vendidos. Já a ponta longa foi puxada principalmente pelo dólar”, afirmou.

O noticiário doméstico foi de poucos destaques no que diz respeito à reforma da Previdência, principal foco da atenção dos investidores. À tarde, o ministro da Economia, Paulo Guedes, recebeu o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, para uma reunião. Ninguém fez declarações sobre a proposta que será apresentada na próxima semana ao presidente Jair Bolsonaro e encaminhada ao Congresso no início de fevereiro.

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