“Curitiba antecipou medidas para evitar a doença”, diz especialista

Foto: Valdecir Galor/SMCS

Uma das principais especialistas no manejo de casos de febre amarela no Brasil, a médica infectologista Ho Yeh Li esteve em Curitiba na noite desta quinta-feira (7/2) e elogiou o trabalho feito na cidade. “A Prefeitura de Curitiba está de parabéns, pois antecipou todas as medidas, prevenindo-se para o caso de a doença chegar”, disse.

Ela coordena a UTI da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, unidade de referência no tratamento dos casos graves da doença. Sua vinda à cidade foi para compartilhar experiências com os médicos de Curitiba e região no Fórum de Manejo Clínico da Febre Amarela, promovido pela Secretaria Municipal da Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, o Conselho Regional de Medicina do Paraná e a Sociedade Paranaense de Pediatria.

Curitiba não tem casos da doença, mas já foram confirmadas pessoas infectadas em cidades próximas, como Antonina. A principal medida é que a população se vacine, especialmente quem tiver viagens para regiões de mata, recomenda Ho Yeh Li.

Entrevista: Ho Yeh Li, coordenadora da UTI da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP

A febre amarela vem vindo do Sudeste e chegou a estados do Sul, como foi o caso do Paraná. Para Curitiba, qual o nível de alerta?
Em Curitiba não é o caso de desespero. A preocupação maior é com as pessoas que planejam se deslocar para outras áreas, como praias, fazer trilhas, descansar no campo. Elas precisam se prevenir e programar a vacinação.
Como médicos, nosso desafio é encontrar a melhor forma de atender o paciente que se contamina e desenvolve a doença. Para a população, é saber que a doença está circulando em locais próximos e que não é preciso se expor ao risco de contaminação.

Curitiba não tem casos de febre amarela registrados, mas a Secretaria da Saúde a convidou para capacitar os profissionais da cidade, além de oferecer a vacina em 110 unidades de saúde. Como vê a preparação da cidade?
Acho que a Prefeitura de Curitiba está de parabéns. Antecipou todas as medidas, prevenindo-se para o caso de a doença chegar. Preocupou-se em ouvir as experiências de quem já passou por uma situação crítica e em capacitar seus profissionais. Isso contribui para que ampliem a orientação à população, para que ela saiba a importância de se prevenir.

A vacina contra a febre amarela é ofertada permanentemente nas unidades de saúde. Mas apenas após a confirmação de um caso da doença em Antonina é que a população de Curitiba se atentou para procurar por essa proteção. O que gera esse efeito?
Culturalmente, temos dificuldade em manter a vacinação de adultos. Em geral, mantemos a vacinação das crianças e até dos animais de estimação em dia, mas esquecemos que adultos também têm vacinas a tomar.
No caso da vacina da febre amarela, ainda tem o fato de que ela passou a ser obrigatória aqui na região muito recentemente (a partir de julho de 2018, antes, era recomendada a quem viajava para áreas de risco de contaminação). Temos de lembrar sempre que é uma vacina segura e altamente eficaz e orientar a população para mudar esse hábito.

 

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