QUEBRANDO O GELO – COM ENÉAS RIBEIRO

Saudações meus queridos!

Durante a semana, um acidente aéreo vitimou o jornalista Ricardo Boechat. Para ampliar a tragédia, o helicóptero na queda atingiu um caminhão, e aí que chega um ponto da história que tudo parece estar fora do lugar nesse mundão sem porteira: o motorista do caminhão ainda estava vivo, quando uma mulher passava de moto e percebeu a situação e correu para fazer o salvamento.

Enquanto ela pelejava mais que passarinho em mão de piá pançudo para retirar o motorista de dentro do caminhão batido, uma cambada se dava ao trabalho de apenas filmar…

Que bagunça é essa que o mundo virou??? Geração self e geração live, é a geração que só vive pra si mesmos.

Quando fiz faculdade, tive aulas de fotografia, onde nos idos de 2003 o professor de fotografia nos dizia que a fotografia tradicional era um problema para o mundo, pois a revelação precisava de nitrato de prata, e no ritmo que o consumo seguia as reservas de prata do mundo só durariam mais 20 anos. Um ano depois as máquinas digitais já estavam se popularizando e acabaram parando nos celulares. Salvou as reservas de prata do mundo, mas acabou com o mundo.

Por consequência, a vaidade e busca desesperada de likes para garantir a auto afirmação virou febre entre a bugrada de modo geral. Tá cheio de gente que posta foto fazendo biquinho  e em seguida a coleguinha posta: “linda”. Mentira, odeia a fulana, acha ela ridícula, acha que nem com as dicas de beleza da coluna da Sandra Capelli (colunista aqui do JORNAL “A SEMANA”) tem como remendar a horrorosa, mas pra ganhar um “curtir” vale o sacrifício de postar uma mentirinha.

Esse caso do acidente apenas deixou claro que precisamos de pessoas de atitude para mudar alguma coisa. A mulher que salvou o motorista se chama Leiliane, ela disse que “No, momento eu queria ajudar e não pensei em mais nada”. A ação dela é um exemplo a ser seguido e não no sentido de “seguir” ou “curtir”.

MINHA OPINIÃO:

A geração self, leva uma vida tão cinza que só resta viver de forma artificial. Aí surgem as modinhas do tipo desafio 2009/2019, desafio faço tal coisa se chegar em 5 mil curtidas “ah, sei que não vai chegar mesmo”… e louco pra que chegue… (e CHEGA!), geração que se desafia a postar foto disso ou daquilo, mas que não se desafia a meter a mão na massa e salvar um ser humano que estava correndo risco de morrer nas ferragens de um acidente, geração que compartilha uma corrente no face mas não compartilha o pão com o necessitado, geração que posta foto do que vai almoçar, mas não almoça com os avós ou com os pais idosos nunca, geração que posta frases de fé e força, mas nunca estendeu a mão pra quem precisa de força e fé no mundo real. Acredito que esse tempo excessivo no mundo virtual nos deixou frios e insensíveis ao mundo que vale de verdade.

E essa corrida pelo vídeo mais curtido, ou por compartilhamentos, tornou o ser humano egoísta e perigosamente vaidoso.

Geração self, vai carpir um lote! E não, isso não pode ser feito por meio de um aplicativo…

Olhos atentos meu povo… T+

Enéas Ribeiro – Cartunista que não sabe tirar selfies.

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