A escolha

Fabiano (nome substituído) sempre dizia que iria voltar a fazer exercícios. Sedentário,  residindo em um pequeno apartamento, decidiu adotar um cachorro, para ter um estímulo para andar, e escolheu um que quando adulto atingiria porte médio, o qual batizou de Phantom (seu avião favorito). Esperou o tempo das vacinas e, em poucos meses, finalmente pôde passear com seu cachorro. Andou um pouco no primeiro dia; logo parou – disse que não queria cansar o animal… No segundo dia, foi a um parque e andou com Phantom “a tarde toda” – ou, lembrando bem, andou do carro até o bar (uns 20 metros), onde permaneceu a tarde toda, e deixou o cachorro solto lá por perto… No terceiro dia, estava cansado para sair; no quarto dia, estava chuviscando… Foram-se outros meses e Fabiano pouco havia andado; uma amiga, com pena de Phantom, passou a buscá-lo para passear.

Infelizmente, a história de Phantom não é incomum. Mas, o que realmente aconteceu? O que deu errado?… É fácil perceber que Fabiano procurou em Phantom algo que um cachorro não pode dar: vontade. Vamos pensar juntos. Quais estímulos se têm para fazer exercícios? Podem ser os resultados: melhora a saúde (disposição física, imunidade alta, qualidade de sono, etc.) e do aspecto visual. Outro possível estímulo é o desejo de cuidar de si mesmo, de se sentir bem. Quando ainda assim falta vontade, a opção que resta é subjugar a vontade pela firme decisão de fazer, apesar de não querer – isto é disciplina, fruto de responsabilidade (habilidade de resposta). Percebamos que nenhum desses fatores surge com a adoção de um animal; eles dependem exclusivamente da pessoa. Não se pode esperar que o cachorro eduque seu tutor; espera-se, isto sim, que o tutor eduque seu cachorro. O tutor é o “alfa” da “matilha”; o cachorro aprenderá com ele e o seguirá. Portanto, é necessário ter-se clareza do que se espera de um cachorro antes de decidir adotar.

Cachorros são excelente companhia, são amigos fiéis, alguns são também babás de crianças, ou bons guardiões, ou também desportistas – como o Whippet, por exemplo, que gosta de correr. É preciso que o tutor conheça a própria personalidade e suas expectativas para saber o que pode oferecer a um animal, e conheça também as necessidades e a personalidade do animal que pretende adotar, para saber se ele é como esperado. Testes como o de Volhard ou o de Campbell ajudam a conhecer o cachorro; a orientação de um médico veterinário também favorece uma adoção adequada. Desse modo, podemos prover a parceria ideal homem-animal e evitar que mais cachorros sofram abandono emocional ou, até, acabem em situação de rua.

Afinal, quando se escolhe um cachorro, escolhe-se um amigo para encontrar em casa todos os dias, pelos próximos 10 a 15 anos, talvez mais… Convém escolher com sabedoria.

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