QUEBRANDO O GELO – COM ENÉAS RIBEIRO

Saudações, meus queridos!

A hora do recreio sempre foi o melhor momento em qualquer colégio ou escola. Aquele horário que guardamos com maior carinho em nossos corações, boas lembranças dos amigos de infância e adolescência de nossas vidas de estudantes, lembranças dos amores inocentes, correspondidos ou não, das partidas memoráveis de futebol que pareciam pelejas gigantescas, da correria e da alegria desmedida de várias brincadeiras, e o fim de tudo ao som de uma sirene.

Em Suzano, porém, o que interrompeu a alegria não foi o sinal do fim do recreio: foram tiros.

O Brasil enfrenta uma semana triste. Ao ouvir as notícias sentimos um vazio no peito, algo nos falta. Assim como faltará nos lares das famílias em Suzano que perderam seus filhos de forma trágica. Um pouco de cada um de nós, pais com filhos em idade escolar ou não, também se silenciou pensando naqueles que nunca mais retornarão.

Essa tragédia toda foi combustível para o discurso pró e contra armas de fogo.

A coisa apimentou com uma declaração de um Senador da famosa “bancada da bala”, que declarou: “Se tivesse um cidadão com arma regular, um professor, serventes, policial aposentado trabalhando lá, poderia ter minimizado o tamanho da tragédia”. Barbaricórdia… discordo completamente! Facilitar armas de fogo é um erro brutal! Quer segurança? Lute por polícia equipada, treinada e remunerada de maneira digna, câmeras de segurança e centrais de vigilância. Imaginar que ter uma arma vai coibir o marginal é ingenuidade. A diferença é que cada vez mais o homicida vai chegar atirando primeiro e perguntando depois. Trocando em miúdos, não serão professores e tias da cantina armados que mudarão o panorama da segurança pública, quer seja na rua ou na escola.

O que o nobre Senador imagina? Professores e funcionários trocando tiros com os homicidas em um pátio cheio de alunos, criançada se desviando das balas no estilo Matrix, pulando para trás do balcão como em Duro de Matar?

Em Suzano entendemos que não temos preparo social para armar a população. Os rapazes eram de boas famílias, “cidadãos de bem”. Surgiram críticas ao estatuto do desarmamento, ou seja, desarmar não funcionou, visto que os caras tiveram

acesso a armas de fogo, então para corrigir isso, vamos liberar armas de fogo? HEIN???

Argumentos pueris como “armas são iguais a carros, iguais a liquidificadores” , o que mata é o uso incorreto…Parem de tapar o sol com a peneira: armas de fogo são fabricadas para MATAR, essa é sua função primordial e em funcionamento é o que fazem.

“Ah, se as armas estivessem legalizadas haveria o cadastro etc”. Que diferença faz se seu filho tomar vários tiros de uma arma legalizada ou ilegal? Nenhuma. Então, senhores políticos armamentistas, não usem sangue inocente como combustível para interesse pessoal, é desumano e desonesto.

MINHA OPINIÃO:

Sou professor e me sinto ofendido com essa declaração de que um professor armado é a resposta. NUNCA eu entraria em minha sala de aula portando uma arma de fogo, NUNCA permitiria que um dos professores que trabalham sob minha direção entrassem em sala de aula armados, e NUNCA colocaria minha filha para estudar em um colégio onde toda a galera estivesse com um berro na cinta…

Uma tragédia se abateu sobre o país e nada pudemos fazer, mas podemos lutar para que não vire moda esse tipo de desgraça, fruto de filhos amargurados e abandonados, armas dando bobeira nos lares, e violência virando banalidade cotidiana na mídia, nas casas e na rua.

Posso estar desagradando uma parcela dos leitores com esta coluna; não posso, porém, compactuar com a possibilidade da facilitação de uma ferramenta de morte se tornando acessível e ficar calado. Os problemas de segurança no Brasil não se resolverão facilmente, com um puxar de gatilho…

Que Deus conforte os enlutados, e tenha misericórdia de nós, “Pois a morte subiu pelas nossas janelas e entrou em nossos palácios, exterminando as crianças das ruas e os rapazes de suas alegres reuniões nas praças”. Jeremias 9:21

Olhos atentos meu povo… T+

Enéas Ribeiro – Cartunista que acredita na paz. Fiquem com a Paz.

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