Moro diz que deixaria cargo se houvesse incorreção, mas que agiu dentro da lei

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Foto: TV Senado / Reprodução

Por Amanda Pupo e Daniel Weterman / Estadão Conteúdo

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta quarta-feira, 19, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que não tem “nenhum apego ao cargo” e que sairia dele se houvesse alguma irregularidade na sua conduta enquanto magistrado, emendando, por outro lado, que agiu de acordo com a lei.

“Então o site apresente tudo, e aí a sociedade vai poder ver de pronto se houve alguma incorreção da minha parte, eu não tenho nenhum apego pelo cargo em si. Apresente tudo, vamos submeter isso ao escrutínio público. E se houve ali irregularidade da minha parte, eu saio, mas não houve, porque eu sempre agi com base na lei”, disse o ministro.

A declaração foi dada em resposta aos questionamentos do senador petista Jaques Wagner, que perguntou a Moro se não seria de “bom tom” se afastar do cargo, mediante aos acontecimentos.

Não estou com medo

Ao explicar as supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato, o ministro declarou não estar com medo da revelação de novos conteúdos e minimizou o caso afirmando que há um “estardalhaço” e sensacionalismo em torno da divulgação.

“Não estou com medo, não. Dizem: ‘Ah, tem muito mais coisa’. Divulguem tudo de uma vez. Daí, a gente analisa, o Senado analisa, as pessoas analisam”, declarou Moro. Ele defendeu que o site The Intercept Brasil deveria submeter o conteúdo a uma autoridade independente, como o Supremo Tribunal Federal (STF).

Moro falou várias vezes que não tem dúvida da correção de seu trabalho quando era juiz da Lava Jato. Além disso, ele declarou que a troca de supostas mensagens entre magistrados e procuradores é normal e não pode ser vista como um crime. “Isso é algo em que foi feito um estardalhaço, um sensacionalismo relativo a supostas mensagens que tratam de operações. São relativos a decisões já deferidas. Onde é que está o comprometimento da imparcialidade? É zero. Zero.”

Caso das mensagens não é problema do governo, é uma questão do meu passado

O caso envolvendo supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato é não é problema do governo Jair Bolsonaro, afirmou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

“Esse não é um problema do governo”, declarou. “Não é uma questão do governo, é uma questão do meu passado. Infelizmente, estou no governo e acaba de certa forma havendo essa transferência.”

Moro classificou como gestos “que valem muitas palavras” as manifestações de apoio do presidente Jair Bolsonaro. Ele minimizou a fala de Bolsonaro quando o presidente afirmou que só confiava 100% no pai e na mãe. “Não vejo nada de problema nesse tipo de manifestação”, declarou o ministro. Bolsonaro, citou Moro, avaliou que não tem nada de ilícito no trabalho do ex-juiz da Lava Jato.

Moro foi questionado pelo líder do PSB no Senado, Jorge Kajuru (GO), porque não teria julgado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na operação. Moro respondeu que a Lava Jato em Curitiba não escolhia quem investigava, mas seguiu parâmetros do Supremo Tribunal Federal (STF) e se limitou a casos relacionados a desvios na Petrobras.

O ministro manifestou “perplexidade” de ter que responder à divulgação de supostas mensagens que teriam sido obtidas através de uma hackeamento. Ele também negou que tenha passado uma “dica” ao Ministério Público Federal ao ter supostamente apontado uma testemunha para o caso envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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