O Brasil se abre para o mundo

Foto: reprodução wikipedia

O que poucos estão percebendo é que o Brasil se abre para o mundo. Vivemos uma economia muito fechada. As nossas trocas comerciais são baixas. Bem diferente dos países mais desenvolvidos, que têm uma economia bem aberta, com uma troca muito intensa de bens e serviços com os outros países.
Esse fechamento comercial produziu um caminho todo próprio. Desenvolvemos tecnologia própria em alguns nichos, como por exemplo: a produção de aviões comerciais médios (de 70 a 150 lugares), através da Embraer, e uma tecnologia agrícola tropical, com a Embrapa. Mas o resultado do conjunto é bem medíocre. O nosso crescimento econômico nos últimos 40 anos foi ruim, abaixo de 2% ao ano.
O que o Governo Bolsonaro está fazendo é uma abertura do Brasil para o comércio internacional, muito semelhante ao que Dom João VI fez em 1808. Antes o Brasil era uma enorme colônia, fechada para o mundo que em poucos anos transformou o Brasil numa nação.
O primeiro acordo foi com a Comunidade Econômica Europeia no mês passado. Ele esteve em negociação por 30 anos, e, de repente, foi assinado num impulso. Vai levar mais de cinco anos para ser percebido pelos brasileiros. Mas para os empresários, o cenário econômico já mudou.
O segundo acordo é com os Estados Unidos, que também está há mais de 30 anos em negociação. O clima é muito favorável agora. A disputa entre os Estados Unidos e a China enfraquece os dois. O Brasil passa a ser um aliado desejável, para ambos.
Bolsonaro vai à China em outubro. Os chineses são muito rápidos quando querem. Vão oferecer um grande acordo econômico com o Brasil. Neste acordo, estarão contidos grandes investimentos na infraestrutura da nossa economia. Na realidade estes investimentos já começaram há bastante tempo, mas de uma forma bem gradual, bem ao estilo chinês. Agora eles vão acelerar. Os chineses precisam de um parceiro comercial que forneça insumos para a sua economia, que concorra com os Estados Unidos.
A soja é um bom exemplo dessa estratégia chinesa. Na guerra comercial com os Estados Unidos a China escolheu atacar os agricultores norte-americanos, que na sua grande maioria são eleitores do presidente Trump. A China impôs uma tarifa de importação de 25% à soja norte-americana e concentrou as suas importações no Brasil.
Foi um movimento que ninguém esperava, nem o Brasil. E por incrível que pareça, o Brasil deu conta do recado, com todas as nossas deficiências de infraestrutura. O Brasil exportou 84 milhões de toneladas de soja em 2018. Assumindo a liderança do mercado exportador de soja, com 56%. Isso espantou até os chineses.
A abertura econômica vai transformar por completo o Brasil em poucos anos. Os volumes das trocas comerciais vão explodir. Os investimentos na infraestrutura vão crescer muito rapidamente. Tudo que não foi feito nos últimos 40 anos, será atualizado em menos de 10. Nos próximos cinco anos ocorrerá uma revolução.
Os próximos 12 meses vão ser de uma grande confusão. É uma grande mudança de rota. Nada estava preparado para a nova direção. A improvisação vai ser muito grande. As nossas instalações de portos e aeroportos ainda são bem precárias. Os grandes gargalos são bem evidentes. Serão contornados com muita improvisação. O asfaltamento da BR-163 é um bom exemplo.
Por outro lado, o governo vai acelerar a venda do seu patrimônio para a redução da dívida interna. Uma enxurrada de imóveis vai ser posta à venda, o que vai derrubar os preços dos imóveis, principalmente os comerciais. O que deve atrasar um pouco a construção de novos imóveis comerciais. Já a construção civil para habitação residencial passa pelas dificuldades dos empréstimos. Os empréstimos virão do setor privado. O setor público simplesmente não tem recursos para o financiamento habitacional.
Para aumentar o financiamento privado é preciso aumentar o emprego de médios e altos salários. Isso não vai ocorrer no curto prazo, pois os investimentos vão ocorrer na infraestrutura de exportação, e ela gera poucos empregos. As transformações vão demorar um pouco para chegar às camadas mais pobres. A causa básica é a sua baixa qualificação. A educação pública no país ainda é muito precária.
A corrida tecnológica vai melhorar muito a qualificação dos mais jovens, os que têm acesso ao telefone celular e às redes banda larga. Boa parte da formação dos jovens vai ser feita ao largo do ensino tradicional.
Vai ser necessário uma revolução no ensino público para que ele seja um agente de construção de uma cidadania para todos os brasileiros. A grande maioria dos brasileiros e das empresas terá muita dificuldade para se adaptar à revolução que está se iniciando, e poucos estão percebendo.

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