FAS garante retorno familiar de 768 pessoas em situação de rua

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Foto: Ricardo Marajó/FAS

Todos os dias, equipes da Fundação de Ação Social (FAS) percorrem Curitiba para oferecer atendimento às pessoas que vivem em situação de rua. Quem aceita atendimento pode ser levado para acolhimento, exames médicos e para unidades onde técnicos definem com a pessoa um plano para saída das ruas.

Durante as abordagens sociais, as equipes também incentivam as pessoas a voltar para suas famílias. De 1º de janeiro a 14 de agosto deste ano, 768 pessoas deixaram as ruas depois de conversar com os educadores sociais.

A maioria (470) morava em Curitiba e municípios da Região Metropolitana e foi levada para casa pelas equipes de resgate. Em função da distância, as 298 pessoas restantes receberam passagens de ônibus para retornar aos municípios de origem, a maioria em outros estados.

“Neste caso, o atendimento é feito pela Casa da Acolhida e do Regresso, serviço da FAS que funciona na Rodoferroviária e oferece passagens para pessoas que estão em trânsito por Curitiba e que comprovadamente não podem pagar ela”, explica o presidente da FAS, Thiago Ferro.

Ação integrada

O cearense Antônio Irismar Rodrigues de Souza, 36 anos, foi uma das pessoas atendidas pela Casa da Acolhida e do Regresso, depois de ser encontrado em situação de rua, no último dia 7, no Parolin. Com um grupo, ele estava no prédio do antigo Laboratório Municipal de Curitiba, que está desativado desde 2015 e passou a ser frequentado, principalmente, por usuários de drogas. Souza contou que chegava a ir duas vezes por dia até o local.

A abordagem aconteceu durante ação integrada da FAS, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Guarda Municipal para oferta de serviços às pessoas e limpeza do local, de onde foram retiradas dez toneladas de lixo. O imóvel passará por reformas para abrigar novos serviços para a comunidade.

Volta para casa

Ao conversar com os assistentes e educadores sociais, Souza demonstrou que queria voltar para a terra natal, Tauá (CE), e aceitou atendimento. Enquanto foi levado para a Central de Encaminhamento Social 24 Horas, onde pode tomar banho, receber roupas limpas e almoçar, um técnico entrou em contato com a família do rapaz.

Com a confirmação de que a mãe poderia recebê-lo, Souza ganhou as passagens para voltar ao Ceará.

“É muito bom ir para casa. A rua não é boa, tudo é difícil para quem vive na rua”, disse Antônio de Souza ao se preparar para a volta ao Ceará.

Depois da refeição e com novas roupas, o homem que viveu dois anos nas praças de Curitiba fazia planos de arrumar um emprego, principalmente na área de cozinha. “É o que sei fazer”, contou ele, feliz em poder reencontrar a mãe e os três filhos, de 14, 16 e 17 anos.

Acompanhado por assistentes sociais, Souza embarcou para o Ceará no início da tarde, para uma viagem de 34 horas. Além das mochilas onde levou pertences, recebeu um cobertor novo e uma sacola com lanches e bebidas.

Planos frustrados

Souza chegou a Curitiba há sete anos. Com trabalho garantido em uma lanchonete, veio com o sonho de ganhar dinheiro e dar uma vida melhor para a mãe e os filhos que ficaram em Tauá, a 2.595 quilômetros da capital paranaense.

Nem tudo foi como planejado, o trabalho prometido era informal e sem carteira assinada, e ele não recebeu nenhuma garantia ao ser demitido quatro anos depois. Mesmo sem documentos pessoais, Souza conseguiu um segundo emprego, onde ficou por mais um ano, mas acabou pedindo demissão.

Sem dinheiro, o cearense não conseguiu mais pagar a pensão onde morava e decidiu ir para a rua. Durante dois anos, as praças Tiradentes e Rui Barbosa foram os locais escolhidos por ele para viver.

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