Viagem à China

www.asemananews.com.br
Foto: Divulgação/Palácio do Planalto

No sábado passado, 19 de outubro, o presidente Bolsonaro iniciou uma viagem de duas semanas à Arábia Saudita, ao Japão e à China. O ponto mais importante é a China. A Guerra de Trump não está deixando alternativas à China a não ser aprofundar as suas relações com o Brasil.
Hoje a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Vendemos produtos básicos, principalmente grãos e minério de ferro, compramos produtos manufaturados. A tendência é que essa pauta se amplie. Com o surto da febre suína africana, a China teve que sacrificar muito do seu plantel, em consequência vai aumentar bastante as importações de carnes. Esse aumento já chegou.
O que Bolsonaro vai fazer na China é tentar o aumento dos investimentos chineses, principalmente na infraestrutura, para ampliar as exportações, reduzir os custos de transporte e aumentar a competividade dos nossos produtos.
O Brasil só usa 7% da sua área agriculturável, na produção agrícola, e 20%, na pecuária. Uma integração entre a agricultura e a pecuária pode aumentar muito a produção agrícola e a produção de carnes.
A melhor tecnologia é integrar também a recomposição das florestas, pois aumenta a produção e baixa os custos. Ou seja, a produção de alimentos e madeiras pode crescer muito com investimentos na infraestrutura de transportes. Área que os chineses dominam e têm uma capacidade de rápida implantação. Como a infraestrutura brasileira está muito atrasada, pequenos investimentos, logo darão grandes resultados, pois os volumes transportados já são grandes.
O Brasil é o país no mundo que tem a melhor taxa de energia renovável, passa de 40%. A média mundial é abaixo de 10%, na China é de 15%. A nossa maior fonte de energia ainda é o petróleo, mas a energia hidráulica é a principal fonte de geração de eletricidade. São dois setores que o Brasil pode ampliar muito, com grandes investimentos. Só que o prazo das obras nestas duas áreas é longo. Hoje a produção brasileira de petróleo e gás é de 3,5 milhões de barris/dia, poderia ser triplicada em alguns anos com fortes investimentos. O que daria uma maior segurança aos chineses, que ficariam menos dependentes do petróleo do Oriente Médio, uma região com intermináveis conflitos.
O que surpreendeu os brasileiros foi o interesse dos chineses no álcool combustível. O Brasil tem uma tradição centenária na produção de açúcar, usando a cana-de-açúcar como matéria prima. Só que nos últimos 40 anos desenvolveu a produção de álcool para ser usado na melhoria da qualidade da gasolina e no uso de combustível para os veículos, principalmente os automóveis. Com isso a poluição nas cidades brasileiras diminuiu muito.
Hoje a China está incentivando muito a produção de veículos elétricos: carros e ônibus, para reduzir a poluição nas grandes cidades, que nos grandes centros, em alguns momentos, chega atingir 10 vezes o nível tolerável à saúde humana. Só que essa transformação será lenta, os veículos elétricos ainda são muito caros. Com a adição de 10% de álcool na gasolina a queda na poluição nas cidades será significativa e rápida. Os planos dos chineses no longo prazo é aumentar a produção local de álcool. Mas no curto prazo, ele planeja aumentar a importação de álcool.
Hoje o Brasil já usa 65% da cana-de-açúcar para a produção de álcool. Aumentar a produção de canade-açúcar pode ser feita em poucos anos. Mas o que mais está surpreendendo os brasileiros é a produção de álcool a partir do milho. Em áreas que ficam longe dos portos, como no centro-oeste, o preço do milho cai bastante, o que viabiliza a produção de álcool. Com o aumento das exportações de álcool a atratividade, das usinas que usam milho como matéria prima, aumenta muito, pois o álcool pode ser transportado através dos alcooldutos.
Uma confiança entre os dois países é fundamental para novos investimentos chineses no Brasil. A complementaridade das duas economias é muito grande. Novos projetos podem acelerar o crescimento do Brasil e garantir uma segurança no fornecimento de alimentos e de energia, petróleo e álcool, para a China.
Até o final do ano já teremos uma ideia dos investimentos que os chineses pretendem fazer no Brasil nos próximos anos. A Guerra do Trump mexeu com a estratégia chinesa. Os primeiros contatos dos chineses com o Bolsonaro não foram muito bons. Mas agora a visão do Bolsonaro mudou muito, com relação às necessidades de investimento no Brasil e dos projetos que podem ser desenvolvidos conjuntamente com os chineses. Essa visita promete grandes surpresas.

- Anuncie Aqui -