As velocidades das transformações

Estamos vivendo num grande turbilhão. Tudo está se transformando tão rápido, que mal dá para acompanhar os acontecimentos. É preciso construir uma esperança de futuro melhor para sobreviver a esse redemoinho. Velhas ações estão se repetindo a todo o momento. Novos acontecimentos acontecem aqui e acolá. Tudo muda de lugar. Nada parece como antes. Sem esperança não dá para compreender nada.
A economia se transforma todos os dias. Hoje temos uma inflação superbaixa. Parece que colocamos o pé no primeiro mundo, mas quando vemos as taxas de juros dos empréstimos bancários, nos deparamos com taxas estratosféricas da velha economia de um país quebrado. O novo e o velho, lado a lado.
Se a inflação está baixa, alguns itens disparam de preço. A carne de gado se transformou num artigo de luxo. As exportações dispararam e os preços internos não param de subir. Mesmo a carne de frango ficou mais cara. Barato, barato mesmo, só sobrou os ovos. Os carnívoros vão ter que aprender a comer PTS (proteína texturizada de soja) dos vegetarianos, pois só ela é que cabe no bolso do pobre. O brasileiro vai aprender a fazer churrasco de soja, e viver de polenta, o milho está cada vez mais barato.
O aumento do ritmo das exportações está mexendo com tudo. O Brasil se transformou no maior produtor e exportador de soja. O milho cresceu no vácuo, na famosa safrinha. Esse é o eixo do crescimento da nossa economia atual. Tudo se desdobra em torno dessa dupla: soja e milho. O Brasil deve exportar este ano 70 milhões de toneladas de soja e 40 de milho. No ano passado, foram 84 de soja e 26 de milho. Foram 110 milhões de toneladas exportadas, com as estradas, ferrovias e portos que temos. Só Deus sabe como conseguimos. Agora estamos fazendo remendos lá e cá, para ver se as coisas vão melhor. É uma operação tapa buraco.
Com o aumento da produção de soja e milho a produção de carnes avançou. Até os bois começaram a comer ração, pelo menos no processo final de engorda. A velocidade na produção de carne aumentou. A doença da peste suína africana na Ásia dizimou os planteis lá, o que aumentou as nossas exportações de carnes. O Brasil deve assumir a liderança mundial nas exportações de carnes.
O que poucas pessoas percebem é que o aumento da produção de soja e milho está levando a um aumento da produção de biocombustíveis, biodiesel da soja e álcool do milho. O que vai levar a um aumento do consumo interno da soja e, principalmente do milho. Não é só das exportações é que vive o agronegócio brasileiro. A produção de combustíveis também faz parte do agronegócio.
O leilão de campos de petróleo no pré-sal mostrou para o mundo a capacidade do Brasil dobrar ou mesmo triplicar a produção de petróleo em 10 anos. Essa é uma nova realidade que poucos brasileiros esperavam. Hoje já somos exportadores líquidos de petróleo. Esse superávit já começa a fazer diferença na nossa balança comercial.
Apesar de algumas privatizações a Petrobras continua sendo a maior produtora de petróleo no Brasil. E isso deve continuar por um bom tempo. O desafio agora é a Petrobras gerar recursos para os seus investimentos, no aumento da produção brasileira de petróleo. Neste momento os preços internacionais estão favoráveis. Mas nesse mercado os preços variam bastante.
Uma terceira frente para o crescimento brasileiro é a expansão da indústria aeronáutica. É a única área industrial que o Brasil tem uma participação na liderança mundial. Somos o terceiro polo produtor de aviões comerciais do mundo.
Com a compra da Bombardier por parte da Airbus, a Embraer ficou numa sinuca de bico. Ela não conseguiria sobreviver ao duro mercado da aviação comercial. Para conseguir vender à Delta Air Line a Bombardier vendeu o seu avião CS 100 abaixo do custo de fabricação. Que só foi possível por causa dos grandes subsídios que o governo do Canadá fez à empresa. A Airbus consegue dar continuidade nesta estratégia de vender aviões abaixo do preço de custo de fabricação, pois ela tem uma grande gama de aviões. Ela pode perder dinheiro em alguns negócios. A Embraer não pode se dar a esse luxo. A saída foi vender a aviação comercial para a Boeing.
Só que agora a Boeing entrou numa grave crise. Vários de seus produtos estão com graves falhas de projeto. O mais grave é do Boeing 737 NG, que foi proibido de voar após dois acidentes fatais, que mataram mais de 300 pessoas. A Boeing continua produzindo o avião, mas não pode entregá-los. Os pátios estão abarrotados de aviões da Boeing que não tem autorização para voar.
As investigações do governo norte-americano levaram a Boeing ao Congresso Norte-americano. O que vai acontecer daqui para a frente é difícil de imaginar. Existe a possibilidade que a Boeing chegue à falência, como chegou a GM. Neste caso, o governo norte-americano assumiu a empresa e nomeou um interventor. Existe a possibilidade da venda da Embraer à Boeing ser revertida. O que abriria uma grande oportunidade para um crescimento da Embraer.
Estamos vivendo um grande momento para a economia brasileira. Várias oportunidades existem. Dependem dos brasileiros saberem aproveitá-las.

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