O ocaso das esquerdas e das direitas

A América Latina vive um momento de transição política. As esquerdas estão perdendo o poder, pelas urnas ou pelas revoltas populares. O mesmo está acontecendo com o Chile, que é um governo de direita muito ligado com a mentalidade das revoluções militares do século passado. Entre esses dois extremos é que caminha o Brasil. É uma rara oportunidade de construção de um novo modelo de organização social.
O estranho é que o Chile e a Bolívia são países que a economia ia bem, os índices de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estavam bem à frente dos outros países latino-americanos. Só o crescimento econômico não é suficiente, as revoltas no Chile e na Bolívia o dizem. É preciso um desenvolvimento social mais amplo, mais justo, que passa necessariamente na distribuição maior da riqueza. Mas também não é só. É fundamental uma construção de uma sociedade com oportunidades mais amplas para todos os cidadãos.
As melhores referências estão nos países do norte da Europa. Lá existem várias experiências de estruturas de estado que dão melhores oportunidades a todos os seus cidadãos. São modelos em construção, não estão acabados e sofrem severas críticas dos seus nacionais. Tem as suas dificuldades, mas produzem realidades sociais bem melhores do que as que estamos vivendo na América Latina.
Um bom exemplo é o ensino público na Finlândia. Lá quase não existe ensino privado, a maior parte da população frequenta o ensino público, que é de excelente qualidade e referência para outros países. A motivação é que todos os cidadãos devem ter iguais oportunidades; a dedicação, o desempenho e a criatividade é que farão a diferença.
O modelo econômico do Chile é a referência sempre citada pelo Ministro da Economia Paulo Guedes. Com as revoltas chilenas essa referência precisa ser revista. Só recuperar a economia brasileira não é suficiente, é preciso melhorar a qualidade de vida de toda a população. A educação e a saúde pública são a base de tudo.
No Brasil, a educação pública está contaminada pelas ideologias de esquerda. O projeto de poder do PT se baseava no domínio do sistema de ensino. É preciso reformar o sistema de ensino público e privado, e formar uma nova geração de professores. A alternativa de ampliar a rede de escolas militares de ensino fundamental não é uma boa solução, fortalece a radicalização. É preciso dar oportunidades iguais para todos os brasileiros. É necessário retirar a ideologia de esquerda e de direita do sistema de ensino.
Já o sistema de saúde pública está colocado em bases melhores. A contaminação ideológica é bem menor. O sistema é mais igualitário. Em algumas regiões, como Curitiba, o sistema é bastante bom. Mas na maior parte do Brasil ele é bem precário. Na Região Metropolitana de Curitiba a qualidade já cai bastante. Muitas pessoas nas emergências procuram atendimento em Curitiba.
É evidente que esses dois pontos – educação e saúde públicas – são fundamentais para a continuidade e sustentabilidade do governo Bolsonaro. As prioridades atuais são mais prementes, a segurança pública e o emprego. Nos primeiros 10 meses do governo Bolsonaro os índices de criminalidade já caíram bastante. Mas o governo atual quer maior redução destes índices. O emprego está melhorando, o desemprego está caindo muito lentamente. E mesmo assim os movimentos de imigrações estão aumentando. O Brasil se tornou um pólo de atração para os movimentos de imigração da América Latina, da África e até do Oriente Médio. A chegada de levas de Venezuelanos em Roraima é um exemplo extremado. Agora a estrutura de acolhida dos imigrantes é coordenada pelo exército. A qualidade desta recepção melhorou bastante. A percepção é que esse movimento deve se acelerar.
As crises nos países vizinhos são um duro desafio para o atual governo brasileiro. Primeiro pelo aumento da imigração. Segundo pela complexidade dos eventos. No entanto, eles servem de lição de como o governo brasileiro não deve se comportar. É preciso se antecipar às crises e, sempre que possível, evitá-las. É preciso não perder o foco, o homem. A melhora da economia é só uma ferramenta para melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros.

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