Jardinagem é terapia em unidade de saúde do Santa Quitéria

Prefeito Rafael Greca visita o jardim da Unidade de Saúde Santa Quitéria 2. O jardim é resultado de trabalho voluntário proposto pela enfermeira Salete Fortunati para o grupo de idosos que frequenta a unidade. Foto: Daniel Castellano / SMCS

Quem chega à Unidade de Saúde Santa Quitéria 2 se depara com um charmoso jardim, que mesmo no inverno tem flores. O jardim é resultado de trabalho voluntário proposto pela enfermeira Salete Fortunati para o grupo de idosos que frequenta a unidade.

A atividade foi sugerida como parte da terapia para a terceira idade e aceita de imediato pelo grupo. “No começo do projeto, quando terminavam os cuidados com as plantas, todos se reuniam no jardim para fazer um lanche, cada um trazia um prato para compartilhar, era um momento de distração e convivência”, lembra Salete.

Uma vez por semana o grupo se reúne após a aula de ginástica para cuidar do jardim. Entre as várias espécies de plantas cultivadas estão também árvores de frutas como romã, araçá, goiaba, ameixa, pitanga.

Mas o novo e grande xodó do grupo é uma muda de pau-brasil adquirida há pouco tempo, como confidenciou, quase em sussurro, dona Rosa Eli Pinheiro, 68 anos. “Nós temos um segredo guardado ali no cantinho, uma muda de pau-brasil. Não contamos pra ninguém porque ela ainda tá bem pequena”, disse ela.

O grupo começou há cinco anos e conta com o trabalho de três voluntários assíduos e a supervisão da enfermeira Salete, que se desdobra entre as funções dentro da unidade e sempre dá um jeito de ajudar na jardinagem.

“Eu brinquei com as senhoras aqui, quem trabalhar no jardim da unidade de saúde não precisará dos serviços que ela oferece. Essa atitude destas senhoras é muito importante, já que a saúde somos nós mesmos que construímos, por isso incentivamos os jardins comunitários e as mãos abençoadas que trabalham”, disse o prefeito Rafael Greca ao visitar o trabalho realizado pelas senhoras.

Dona Cecília Botko, de 75 anos, participa das atividades para manutenção do jardim com orgulho. “A gente sente falta quando chove ou faz muito frio e não podemos vir, parece que faz mal pra saúde, dá uma tristeza não poder cuidar das plantas”, conta ela.

Seu Miguel Postui Filho, 69 anos, é único homem do grupo e não perde um dia de atividade. Ele faz acompanhamento pela unidade com uso de medicação psiquiátrica e relata que a atividade faz bem para o corpo e para a cabeça. “Graças a Deus eu tomo esses remédios, mas nunca fiz mal pra ninguém porque fico sempre ocupado com as minhas atividades, com as minhas rezas e não penso em coisas ruins, disse ele.

O plano do grupo agora é conseguir doações de mudas e mais adeptos ao projeto para a construção de uma horta comunitária no terreno da unidade.

“Eu já doei mudas de amor-perfeito e a administração regional do Portão vai ajudar com a doação de terra preta e hortaliças para que o jardim vire uma horta completa”, completou o prefeito.

Outro exemplo

Não muito distante dali, na Unidade de Saúde Aurora, a técnica de enfermagem aposentada Maria Sena, 70 anos, reserva algumas horas do fim de semana para cuidar do jardim. Ela trabalhou na unidade por 25 anos e quando ficou viúva teve depressão. “Em um daqueles momentos que estava deitada, sem vontade de fazer nada, porém querendo lutar contra aquela tristeza, tive a ideia de fazer um jardim na unidade. Este foi o começo”, contou.

Desde 2004, quando tudo começou, muita coisa mudou. Dona Maria se aposentou, se casou novamente, mas não abandonou o jardim. Ela e o marido fazem o que podem para mantê-lo em dia. “Tenho aquilo ali como filosofia de vida, me dá uma alegria sem tamanho ir lá, mexer na terra, cuidar das plantas, foi o que ajudou na minha cura.”

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