Condromalácea Patelar: Uma visão abrangente

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Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.

O que é?

Condromalácea patelar, também conhecida como síndrome da dor femoropatelar, é uma condição dolorosa que afeta a articulação do joelho. É caracterizada pelo amolecimento e degeneração da cartilagem na superfície posterior da patela (rótula) e da tróclea femoral (sulco onde a patela se move durante o movimento do joelho). Essa degeneração pode variar de leve a grave e é comum em pessoas jovens e ativas. E pode ocorrer devido a uma série de fatores, como traumas na região, sedentarismo, excesso de peso, desalinhamento do joelho, atividades físicas de alto impacto e idade.

A superfície em que ocorre esse deslizamento é coberta por uma cartilagem, e quando o movimento não ocorre de maneira adequada (por excesso de exercícios, sobrepeso ou problemas estruturais, como joelhos desalinhados), essa cartilagem pode ficar enfraquecida e sofrer pequenas erosões ao longo do tempo. Aí se instala a condromalácia, que pode causar estalos, rangidos e dor. O indivíduo pode começar a sentir desconforto para descer escadas, agachar e levantar depois de ficar muito tempo sentado. Essa é uma das complicações mais comuns que acometem a articulação do joelho e atinge mais as mulheres, por questões anatômicas da pelve: a distância entre as articulações do quadril direito e esquerdo maior que nos homens faz com que o ossos do Fêmur (coxas) tenha um ângulo de inclinação para dentro maior, sobrecarregando a articulação do joelho.

Possíveis causas

As causas da condromalácea patelar podem ser multifatoriais e incluem:

  • Desalinhamento da patela devido a fatores anatômicos, genéticos, pelve larga, joelhos para dentro (valgo) ou para fora (varo);
  • Desequilíbrios dos músculos do quadril e/ou joelho;
  • Lesões repetitivas devido a atividades de alto impacto, como correr, saltar ou agachar;
  • Trauma direto na região do joelho;
  • Mobilidade deficiente;
  • Sobrecarga excessiva na articulação do joelho devido à obesidade;
  • Movimentos recorrentemente incorretos e com sobrecarga adicional;

Aspectos físicos-patológicos

A condromalácea patelar envolve a degeneração da cartilagem articular, resultando em fissuras, amolecimento e eventual perda de cartilagem. Esse processo pode levar à formação de osteófitos (crescimentos ósseos) e inflamação na região afetada. Além disso, a patela pode se deslocar ou se mover de forma irregular dentro do sulco femoral, causando atrito adicional e dor.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da condromalácea patelar incluem:

  • Dor na parte anterior do joelho, especialmente ao subir ou descer escadas, agachar, correr ou após períodos prolongados de inatividade;
  • Crepitação ou estalidos ao dobrar ou esticar o joelho;
  • Inchaço ao redor da patela;
  • Sensação de instabilidade ou fraqueza no joelho;
  • Dificuldade em realizar atividades físicas anteriormente confortáveis.

Entretanto, nem sempre a condromalácia causa dor, principalmente nos estágios iniciais. Por isso, é muito importante procurar um ortopedista ao primeiro sinal de desconforto.

Graus de condromalácia patelar

A condromalácia patelar é classificada em 4 graus:

  • Grau I: Há um certo amolecimento da camada mais externa da cartilagem da patela. Pode haver dor e edema (inchaço);
  • Grau II: Há lesões na cartilagem com até 1,3 cm de diâmetro. As lesões ainda são pequenas e localizadas;
  • Grau III: As lesões são maiores que 1,3 cm de diâmetro;
  • Grau IV: Neste ponto, a cartilagem já sofreu tamanha erosão que é possível visualizar o osso subcondral que a sustenta.

Público dominante

Embora a condromalácea patelar possa ocorrer em qualquer faixa etária, é mais comum em adolescentes e adultos jovens, especialmente aqueles envolvidos em esportes de alto impacto ou atividades que colocam pressão significativa sobre os joelhos. Além disso, pessoas com desalinhamento anatômico dos membros inferiores ou histórico de lesões no joelho têm maior probabilidade de desenvolver essa condição.

Cuidados na vida diária

Para gerenciar os sintomas e prevenir a progressão da condromalácea patelar, é importante adotar certos cuidados na vida diária, tais como:

– Evitar atividades de alto impacto que sobrecarregam a articulação do joelho;

– Realizar exercícios de fortalecimento muscular, especialmente para os músculos do quadríceps, isquiotibiais, glúteos e panturrilhas;

– Manter um peso saudável para reduzir a pressão sobre os joelhos;

– Usar calçados adequados e evitar calçados desgastados ou inadequados para atividades físicas. Em algum momento, com orientação adequada, movimentos com os pés descalços podem ser necessários;

– Evitar passar longos períodos com os joelhos flexionados (por exemplo, sentado). Levante-se e movimente-se regularmente;

– Evitar longos períodos de inatividade e manter uma boa postura durante as atividades diárias.

Diagnóstico de condromalácia patelar

O diagnóstico é basicamente clínico, a partir dos sintomas, histórico e queixas do indivíduo. Exames de imagem, como raios X e ressonância magnética da região do joelho, são importantes para definir o quadro com precisão.

Tratamento Conservador

O tratamento conservador é frequentemente a primeira abordagem para gerenciar a condromalácea patelar e pode incluir:

  • Fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor do joelho, melhorar a mobilidade e corrigir desalinhamentos biomecânicos;
  • Uso de dispositivos de suporte, como órteses ou taping, para estabilizar a patela e reduzir o atrito;
  • Aplicação de gelo para reduzir a inflamação e aliviar a dor após atividades físicas;
  • Uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para controlar a dor e a inflamação;
  • Modificação das atividades físicas para evitar sobrecarga excessiva na articulação do joelho.

Durante o período aguda da doença, ou seja, quando há dor e inflamação, é necessário que o indivíduo interrompa toda e qualquer atividade física. Gelo, analgésicos e anti-inflamatórios podem ser utilizados nesse período para aliviar o desconforto.

Após o diagnóstico, é importante que o paciente inicie exercícios de reabilitação com fisioterapia, para fortalecimento e reequilíbrio muscular e para estabilidade do joelho. Essa etapa funciona como uma espécie de “proteção da cartilagem” e pode impedir ou retardar a progressão da doença. O uso de joelheira pode ser um importante coadjuvante nessa fase. Ela auxilia no encaixe da rótula sobre o fêmur, promovendo melhor distribuição de cargas sobre a região e, consequentemente, reduzindo a dor.

O tratamento pode ser longo, levando de 6 a 12 semanas para surgirem os sinais de melhora. Não desista! Se a dor persistir mesmo com a reabilitação, pode ser indicada uma infiltração com ácido hialurônico para lubrificar a área, irrigar e fortalecer a cartilagem.

Em casos mais avançados e refratários ao tratamento conservador, pode-se lançar mão de cirurgia. Por meio de artroscopia (técnica minimamente invasiva), o cirurgião remove fragmentos de cartilagem danificada, promove uma espécie de limpeza geral da articulação ou reparação da cartilagem e pode realizar outros procedimentos (como soltura de tecidos fibrosos muito tensionados e até o realinhamento da patela) para melhor eficácia.

No entanto, a maioria dos casos de condromalácea patelar responde bem ao tratamento conservador, especialmente quando combinado com mudanças no estilo de vida e atividades físicas adequadas.

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