Seleção feminina sub-20 disputa Mundial para deixar de ser coadjuvante

Foto: Laura Zago/CBF

Por Leandro Silveira, Estadão Conteúdo

A Copa do Mundo está de volta à França. Três semanas após a conquista do segundo título mundial da sua seleção masculina, o país recebe a partir deste domingo, na região da Bretanha, a nona edição do Mundial Feminino Sub-20. E o Brasil, que estreará às 8h30 (horário de Brasília) diante do México, enfrenta o desafio de não ser um mero coadjuvante na competição. “Nós estamos muito confiantes no desempenho da nossa equipe. Vamos correr por fora, mas sabendo de que temo uma grande possibilidade de chegar até a final”, afirmou o técnico Doriva Bueno em entrevista ao Estado.

Embora seja uma das quatro seleções que participou de todas as edições do torneio de juniores, o Brasil nunca foi além das semifinais do Mundial Sub-20, sendo que a última vez em que ficou entre as quatro melhores equipes da competição bianual foi em 2006, quando garantiu o terceiro lugar.

Essa dificuldade para ter uma seleção competitiva passa pela necessidade de dar equilíbrio e organização para o talento das jogadoras, no que pesa contra a ausência de grandes competições de base – a última relevante foi a Liga Nacional Feminina Sub-20 em 2016 – e a falta de rodagem internacional das jogadoras, cenário que a CBF tenta solucionar com a organização de mais amistosos. Do segundo semestre de 2017 para cá, foram cinco, sendo três contra Estados Unidos e outros diante de Inglaterra e Finlândia.

“O que nos faz ficar mais forte é competir em alto nível com grandes seleções, são os jogos internacionais que nos darão mais confiança. De março de 2017 até agora foram cinco. Ainda não é o ideal, mais estamos evoluindo e isso nos dá confiança de que podemos ir mais longe”, afirmou o técnico.

Entre esses jogos, a seleção conquistou o octocampeonato do Sul-Americano Sub-20, também classificatório para o Mundial, com uma campanha perfeita, de sete vitórias em sete jogos, 30 gols marcados e apenas um sofrido no torneio realizado no Equador, confirmando a soberania da equipe, pois o Brasil venceu todos os torneios da categoria organizados pela Conmebol.

A falta de competitividade do Sul-Americano não garante o sucesso da seleção no Mundial da França, como mostra o desempenho das competições recentes, mas a campanha no Equador deixa boas perspectivas se comparada ao desempenho de dois anos antes, quando o título do torneio realizado em Santos foi assegurado invicto, mas com três empates em sete jogos.

Para isso, também pesa a presença de jogadoras promissoras, como a atacante Geisy. Com 20 anos, a camisa 9 vai disputar o seu segundo Mundial Sub-20, já com a experiência de atuar no futebol europeu, tendo trocado recentemente o Madrid CFF pelo Benfica, tradicional time português, que retomou a sua equipe feminina, apostando em várias jogadoras brasileiras.

Além disso, Geyse estreou em 2017 pela seleção principal, realizando um sonho de atuar ao lado de Marta, alagoana, assim como ela, e que chega à França ostentando a condição de artilheira do Sul-Americano, com 12 gols marcados. E agora terá a companhia de outros destaques da seleção, como a goleira Kemelli e a meio-campista Ana Vitória, para conduzi-la no Mundial.

A tarefa, porém, não será fácil, pois além do México, o Brasil terá pela frente no Grupo B a Inglaterra, que a derrotou em amistoso no fim de 2017, e a Coreia do Norte, atual campeã mundial sub-20. Mas com a experiência de quem dirigiu a equipe nas duas edições anteriores do torneio, com quedas na fase de grupos e nas quartas de final, respectivamente, Doriva acredita que agora a seleção pode ir mais longe. “Essa equipe eu vejo que é mais competitiva”, concluiu o treinador do Brasil.

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