Em entrevista à emissora turca Haberturk, Hatice disse que Khashoggi não queria ir ao consulado saudita, onde entrou no dia 2 de outubro para obter documentos para o casamento.
Ela explicou que o noivo já havia comentado para ela contatar Yasin Aktay, um conselheiro do presidente da Turquia, se fosse necessário. Hatice acrescentou que ele não voltou a falar disso especificamente no dia 2.
A noiva do jornalista contou que ficou esperando do lado de fora do consulado, mas o noivo nunca saiu. “Eu comecei a tremer quando percebi que algo tinha acontecido com ele”, contou. “De repente, imenso medo tomou conta de mim”. Então ela entrou em contato com Aktay e pediu ajuda.
Na quinta-feira 25, Salah, filho do jornalista assassinado, abandonou a Arábia Saudita com a família e chegou aos Estados Unidos, segundo o canal de TV CNN.
Nesta sexta-feira, 26, o presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que tem mais provas sobre o crime. No domingo, o procurador-geral da Arábia Saudita, Saud bin Abdallah al-Muajb, viajará para Istambul para investigar o assassinato. Na quinta, o procurador havia chamado o caráter do homicídio como “premeditado”.
“No domingo, eles (os sauditas) enviarão o procurador-geral à Turquia. Ele se reunirá com nosso procurador-geral da República em Istambul (Irfan Fidan)”, declarou Erdogan durante um discurso em Ancara. Além disso, ele garante que há “outros elementos” de prova sobre o assassinato, mas não quer se apressar. “A precipitação não serve para nada”, disse.
Erdogan criticou a reação da Arábia Saudita ao assassinato. Na versão inicial de Riad sobre o caso, o jornalista havia saído vivo do consulado; depois, a versão era de que ele havia sido morto em uma briga.
Em uma terceira versão, foi dito que se tratou de uma operação “não autorizada” da qual o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman “não havia sido informado”. “Estas declarações eram realmente ridículas e incompatíveis com a seriedade de um Estado”, afirmou o presidente turco.
Na quarta-feira 24, o príncipe saudita caracterizou o homicídio como “incidente repulsivo” e “doloroso”.
Repercussão
Foram detidos 18 suspeitos sauditas, bem como funcionários do alto escalão do serviço de inteligência, em relação ao caso, que teve repercussão internacional e abalou a imagem do reino, maior exportador mundial de petróleo.
Após visita à Turquia, a diretora da CIA, Gina Haspel, apresentou na quinta-feira ao presidente Donald Trump as conclusões e análises do crime depois de encontros com autoridades turcas. Segundo a imprensa local, Istambul compartilhou com Gina as gravações de áudio e vídeo de Khashoggi
A relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias e arbitrárias, Agnès Callamard, afirmou na quinta-feira que o assassinato “tem todo o aspecto de uma execução extrajudicial e corresponde ao reino da Arábia Saudita demonstrar que isso não aconteceu”.
O governo russo afirmou nesta sexta que é preciso confiar na família real saudita. “Há uma declaração oficial do rei, há uma declaração oficial do príncipe herdeiro e ninguém tem razões para não acreditar”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Com Agências Internacionais