O presidente Wagner Pires de Sá e o vice-presidente de futebol, Itair Machado, falaram com a imprensa por cerca de uma hora e explicaram a maior denúncia feita pela reportagem da Globo, que foi a venda no ano passado de parte dos direitos econômicos de Estevão William, já chamado de “Messinho”, então com 11 anos, para pagar uma dívida com o empresário Cristiano Richard. A Lei Pelé e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem menores de 12 anos de possuir contratos empregatícios.
De acordo com o clube, o Cruzeiro não vendeu, apenas deu como garantia. “É proibido vender. Mas o Cruzeiro deu apenas como garantia os 20% dos direitos econômicos do jogador. Crime é a ação. E a ação (de vender) não foi feita. Renegociamos a dívida, que hoje está em R$ 1,4 milhão, para oito parcelas de R$ 195 mil”, explicou Itair Machado, que estava ao lado do advogado Edson Travassos.
Na entrevista coletiva, ficou acertado que tanto o presidente quanto Itair Machado fariam apenas um pronunciamento, antes das perguntas dos jornalistas, mas o vice-presidente chegou até a bater boca com um repórter que afirmou ser ilegal colocar como garantia a cessão de direitos econômicos de um jogador que não pode ter contrato com o clube.
O dirigente disse que o clube está “sendo perseguido” por “bater de frente com os queridinhos da mídia nacional”. “Aqui no Cruzeiro não tem desonesto. Estamos sendo perseguidos (…) O processo da Polícia Civil já existia e não chama processo, chama procedimento, dura meses, começou por denúncia anônima. Foi fogo amigo, concluído e arquivado. Agora, com essas matérias, o procedimento foi reaberto. Mas o Cruzeiro confia na Polícia Civil. O Cruzeiro está tranquilo quanto a isso”, disse Itair, que minimizou a dívida do clube, atualmente em R$ 520 milhões. “Teve um conselheiro que falou que o Cruzeiro está falido. O Cruzeiro jamais vai falir. Essa camisa não tem preço”.
Outra denúncia foi sobre os vínculos empregatícios de conselheiros do clube com o próprio Cruzeiro. Wagner Pires de Sá alegou que não há irregularidade. “Viemos falar que todos os clubes brasileiros, há mais de 50 anos, o Cruzeiro adota e pratica a contratação de conselheiros. Seria uma hipocrisia de nossa parte não contratar conselheiros por serem conselheiros. Normalmente, esses conselheiros que trabalham para o Cruzeiro perdem o direito de votação. Não há nenhuma proibição que conselheiro trabalhe para o
clube. E conversando com o presidente do conselho, a partir de agora, todo conselheiro que prestar serviço ao clube ele pedirá licença do cargo. E achei isso necessário a partir de agora e ele vai aprovar”, concluiu.