Horta e abelhas nativas encantam estudantes de escola municipal em Curitiba

Foto: Luiz Costa/SMCS

Um por todos, todos por um, e todos por um mundo melhor. Com esse grito de guerra, crianças da Escola Municipal Dom Manuel da Silveira D’elboux, no Hugo Lange, começam as tarefas na horta escolar e no jardim de mel da escola. A prática acontece todas as segundas e sextas-feiras, em turnos alternados das aulas.

O projeto pedagógico de sustentabilidade, iniciado há quatro anos pela professora Silmara de Souza Prestes, ganhou a presença de abelhas nativas sem ferrão e a empolgação dos alunos, que viraram pesquisadores das conexões naturais entre horta, jardim e abelhas.

Para dar asas ao sonho dos estudantes de ter uma horta na escola, a professora, apoiada pela direção, literalmente carregou pedra e cavou espaço.

“Ela tem essa característica, acredita no projeto e persegue os objetivos. Nós apoiamos dentro das possibilidades, porque é para os estudantes”, diz a diretora Silvana Valério da Silva.

Segundo Silvana, o resultado pedagógico é positivo. No terreno dos fundos da escola, a professora, com a participação dos alunos, tirou pedras, entulhos e abriu caminho para a horta. Paralelamente, fez um trabalho de compostagem para adubar a terra e formar os pequenos canteiros.

Na “horta-laboratório” os alunos participam plenamente de cada etapa: preparo da terra, plantio, regas e colheita. As mudas são feitas com as sementes coletadas das alfaces, cenouras, salsinhas, cebolinhas geradas ali mesmo. São as plantas mães.

“A horta ensina muito mais que plantio, colheita e alimentação saudável. Ela ajuda a alfabetizar, na produção de texto, pesquisas e ali acontece verdadeiramente a inclusão entre os alunos”, destaca Silmara.

Abelhas nativas sem ferrão são “voluntárias” da escola

Depois da horta formada, a professora descobriu um ninho das miúdas abelhas jataí, espécie nativa brasileira sem ferrão. Elas se instalaram “voluntariamente” num tronco de árvore dentro da escola.

“O mais interessante é que na semana seguinte da descoberta, os integrantes da escola participaram de um curso sobre abelhas nativas no Museu de História Natural, e Silmara voltou muito animada”, disse a vice-diretora Maria Angela Kinelski Feder.

As abelhas foram imediatamente “adotadas” pela escola e pelo projeto. Silmara trabalhou o conteúdo com os alunos, estimulou eles a pesquisarem tudo sobre abelhas sem ferrão.

As crianças fizeram iscas para atrair outros ninhos e acabaram conseguindo uma “muda” de jataí, que se desenvolveu bem, mas sofreram ataque das abelhas limão. Até das invasoras a professora tirou partido pedagógico. Mais pesquisas entre os alunos, que descobriram que para evitar outros ataques devem diminuir a entrada do ninho das jataís.

Neste mês de agosto e também em setembro cada turma da escola vai espalhar iscas dentro e no entorno para tentar obter novos enxames de abelhas sem ferrão. “Eles estão pesquisando iscas para outras espécies de abelhas nativa sem ferrão, pois queremos diversificar”, diz a professora.

Para alimentar as abelhas, algumas flores foram plantadas, formando um pequeno jardim de mel. Tudo envolvendo pesquisas. “Queremos que nossos alunos saiam daqui pesquisadores”, afirma Silmara.

PANCs e apoio da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar

Neste semestre, a horta escolar e o jardim de mel terão um grande reforço. A ação conta com o suporte da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, que entrará com apoio técnico e de insumos para a horta.

Com a ajuda, os planos são expandir a horta também com as PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). São plantas que podem ser usadas em receitas, mas não são tão aproveitadas em relação a outras mais conhecidas.

A proposta das PANCs é trabalhar com o resgate de alimentos usados por antepassados.

O projeto de horta da escola ganhou também o coração e a participação de pais. No fim de semana passado, uma mãe de aluno organizou a primeira Feira de Troca de Plantas, numa praça da Rua Itupava e a escola participou.

Alunos acompanhados de suas famílias vieram de bairros mais distantes como do Boqueirão para participar da feira.

“Ver uma criança explicar para um adulto sobre plantas e abelhas nativas como eu vi acontecer na feira, vale todo o esforço”, disse a professora.

A Escola Municipal Dom Manuel D’elboux atende 420 crianças de vários bairros de Curitiba, desde Jardim Social até Sítio Cercado, além de municípios da Região Metropolitana.

- Anuncie Aqui -