Comunidade e escola criam horta em terreno que era depósito de lixo em Curitiba

Foto: Valdecir Galor/SMCS

“Breno não pode ver um papel de bala no chão”, conta orgulhoso o catador de material reciclável, Reginaldo Gonçalves dos Santos, pai do menino Breno, de quatro anos. Ele é um dos voluntários da horta Sementes do Amanhã, do Centro de Educação Infantil Vicentino Santa Luísa, que fica no Rebouças.

O projeto da horta, que vai completar um ano em outubro, chamou a atenção das equipes de Educação Ambiental do programa Amigo dos Rios, da Prefeitura de Curitiba. O CEI atende a 126 crianças de quatro meses a cinco anos.

A instituição vai começar a receber as atividades de conscientização da comunidade sobre a importância da conservação do seu vizinho Rio Belém nesta semana, mas já dá belos exemplos quando o assunto é destinação correta de resíduos, alimentação saudável e cuidado da comunidade.

O início

Tudo começou com um terreno vazio na esquina das ruas Almirante Gonçalves e Hipólito de Araújo que era constantemente invadido e recebia muito lixo e entulho. A vizinha da área, Izabel Pereira de Oliveira, resolveu unir esforços com a creche para que pudessem fazer alguma coisa pela vizinhança.

“Meus netos viam tudo aquilo da minha casa, além do lixo, havia o uso indevido, me dava uma tristeza muito grande”, conta Izabel, dona de casa que vive há três anos no local.

Junto com a diretora do CEI, a Irmã Mônica Aparecida Maximiano, foram encontrados os proprietários, que toparam ceder a área para uma horta comunitária.

A partir daí, começou o processo de limpeza e mudança do lugar. Foram retirados seis caminhões de lixo. O entulho e a sujeira deram lugar à terra limpa e boa para plantar. “Tivemos o auxílio do curso de agronomia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) na análise do solo”, reforça a diretora.

Participação

A comunidade – em especial os pais dos alunos – ajudaram a pintar o muro e a identificar a horta. Dentro do terreno, a produção é usada para a merenda das crianças e suas famílias e o excedente, vendido a valor simbólico para a comunidade. Na horta da calçada, feita com pneus reciclados, todos podem plantar e colher a qualquer momento.

Reginaldo só vê benefícios.

“Com tudo limpo e bem cuidado, todo mundo que participa faz questão de não deixar que ninguém jogue lixo ou estrague a horta, mesmo aqui na parte que fica fora do terreno”, explica.

Para seu filho Breno, é diversão, além de aprendizado. O menino, que tem o exemplo da separação de resíduos em casa, incentiva os colegas. “Temos que manter o terreno limpo”, ensina.

Amigo dos Rios

Foi a pedagoga Jussara Prado que contou para a equipe do programa Amigo dos Rios sobre o trabalho mantido no CEI Santa Luísa. “Encaminhamos um vídeo sobre toda a criação do espaço e eles gostaram bastante”, conta.

O trabalho vai ser a base também para as atividades de plantio de mudas do Amigo dos Rios, reforça a gerente de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Leila Maria Zem. “É um caso concreto e que vem se encontro com a nossa proposta”, diz. “E a prova de que todos ganham com a melhoria do ambiente e o cuidado com o verde e com os nossos rios”, completa.

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