Simplicidade

Foto: Reprodução

Por Luiz Gustavo

Em meio a tantos planos, situações, problemas e pandemias, voltamos a nossa consciência sobre o outro e sobre nós. A fragilidade de quem somos e de todos os que nos rodeiam parecem visíveis em tempos assim, os nossos corações se tornam mais sensíveis e de repente os dias parecem desacelerar perante as importâncias de nossas vidas. Quais tem sido as nossas importâncias? Os nossos significados? O que tem movido a nossa esperança? E onde temos depositado a nossa fé?
Antes de estarmos confinados em casa, estamos confinados em nós mesmos e perante, também, aos outros que formam o elo da nossa compaixão, motivação e convicção. Além de nós mesmos, vivemos servindo o outro – consciente ou inconsciente. A questão é; estávamos apenas servindo eles com as nossas ganâncias, soberbas, vícios ou medos? Pois, existir apenas para nós mesmos é a maior de todas as solidões.
Em 2020 estamos ressignificando a vida: O café da manhã agora possui um novo sabor. O sol pela manhã brilha um novo tom de amarelo, um que talvez você nunca percebera antes. A companhia que se via durante a rotina se tornou uma boa saudade. O trabalho que tanto cansava faz falta e nessa falta consegue-se sentir o pequeno prazer que possuía por tais detalhes. Novos livros foram lidos. Novas empatias foram exercidas. Nossos olhos apontam para a sociedade e para Deus com uma nova expressão, talvez de medo, talvez de esperança, talvez de solidões, talvez de paixões saturadas e talvez de novos afetos emergidos.
As engrenagens sociais estão mudando e com elas nós estamos sendo transformados também. A dor que nos trouxe para dentro de nossas casas por dias a fio tem tecido novos horizontes em nós. Tem nos feitos voltar ao simples – prestar atenção em si e ao outro, estar com o outro. Entre tantas incertezas, uma coisa é certa; Sozinhos somos frágeis mas juntos somos fortes. O elo social e de amor só é capaz de existir por conta do outro. O maior significado de amor desta vida é dado por Deus e a palavra amor em suas Sagradas Escrituras são traduzidas também por caridade – o que é doado. E algo só pode ser doado quando se tem alguém para receber. O Amor flui e existimos para a simplicidade de transbordar esse Amor de Deus para o próximo.
Disse Jesus, ‘’Ame o próximo como a ti mesmo.’’ (Mc 12.31). Só somos capazes de ter a consciência de quem somos, tendo a consciência do amor de Deus para nós. Somente então transbordaremos esse amor para aqueles a quem nos rodeia. Permeando todos os nossos ambientes e companhias com a maior e mais estimulante atmosfera que existe; o Amor de Deus.
E qual é a participação disto na simplicidade? Bem, simplicidade é a ausência de excessos e complicações, é ter clareza e espontaneidade aos dias. E vemos que Jesus passou meses na companhia de seus discípulos propagando a prosperidade e a salvação do céu de sandálias. E antes disto, vivera uma vida normal com a sua mãe e seus irmãos. Encontramos a Divindade Encarnada dividindo uma vida simples ao lado de sua família. Anos de companhias, propósitos, abraços, sorrisos, choros, cafés da manhã, trabalhos, preocupações e alegrias. Compartilhando passos e refeições, conversando enquanto ensinava em palavras e atitudes que o maior Amor de todos é revestido com tempo, paciência e simplicidade. O Seu legado não foi pelo o que Ele comprou em vida, mas pelas pessoas que conquistou em vida. E o que Ele comprou em vida pagou com a própria vida não sendo para si, mas para o outro e para todos os quais aceitarem o seu Nome como Salvador.
Tome esses tempos de mudanças voltando os seus olhos para Cristo e para aqueles a quem você tem feito tudo até aqui e que, de algum modo, você os deixou esquecendo-os durante o percurso de uma vida preocupada. Não deixe suas ambições ou aflições tomarem o leme da sua vida deixando de lado os seus reais e particulares motivos. Principalmente quando esses motivos possuem sorrisos largos, amizades de datas distantes, abraços de longas saudades e corações repletos de singelas lembranças e esperanças. Faça do agora a sua melhor escolha e a sua melhor recordação. Ame e perdoe tanto o próximo como a ti mesmo. Deus abençoe.
Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na Graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco.’’ (II Coríntios 1.13)

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