Ederson Vilela define prioridades: São Silvestre e índice olímpico

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© Alexandre Loureiro/COB

Após 2019 cheio de títulos, fundista brasileiro quer fazer história

(EBC) O corredor paulista Ederson Vilela vivia o melhor momento da carreira no ano passado. Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima na prova dos 10 mil metros (com o recorde pessoal de 28min27s47) e campeão dos 18 mil metros da Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, com 56min19s. Conquistas que embalam os sonhos do fundista, que não foram interrompidos nem mesmo pela pandemia do novo coronavírus (covid-19). “Quero acabar com o jejum de dez anos do Brasil na São Silvestre e conseguir também o índice para os Jogos de Tóquio”, projetou o atleta na última quarta-feira (13) em live promovida pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Ajustes à parte, o foco olímpico segue total: “Vinha me preparando muito forte para o mundial de meia-maratona [competição prevista inicialmente para março de 2020 na Polônia e remarcada, até o momento, para o mês de outubro]. As primeiras notícias de cancelamento de provas vieram bem em cima do campeonato. Cheguei a ficar sem acreditar que tudo iria por água abaixo. Iria também para a maratona de Viena, em abril. Assim, com toda enxurrada de cancelamentos causada pelo coronavírus, conversei com meu técnico Cláudio Castilho e definimos que, inicialmente, vou focar a busca do índice nas provas de 10 mil metros”.

Dependendo de possíveis alterações na situação do esporte mundial, o corredor e o técnico não descartam novas tentativas de índices nas maratonas. Lembrando que a World Athletics (órgão internacional da modalidade) determinou que nenhuma marca servirá como índice olímpico até 30 de novembro. “Claro que é um adiamento. Mas sei muito bem o que quero: ser lembrado como um dos grandes fundistas que o Brasil teve. Tenho a confiança de que já trilhei um caminho com erros e acertos e sei que posso chegar lá”.

Em relação à Corrida de São Silvestre, que o Brasil não conquista desde 2010 com a vitória do Marílson Gomes, Vilela dá uma receita para o final do jejum: “Acho que é questão de encaixar melhor a prova dentro do calendário. Geralmente, no final do ano, estou passando por um treinamento de base visando à próxima temporada. Os africanos têm a vantagem por treinarem regularmente em locais com 2 mil, 2,5 mil metros de altitude. Já faço um trabalho em altitude na Colômbia, mas focando outras provas. É questão de priorizar a São Silvestre. Pode ser que aconteça este ano, já que ficamos parados praticamente toda temporada. De repente, pode rolar”.

Pan-Americano de Lima

O brasileiro competiu em duas provas da edição do ano passado dos Jogos Pan-Americanos. A primeira foi a dos 5 mil metros: “Sabia que teria muitos adversários fortes. Caras de 1,5 mil metros e 3 mil metros com obstáculos. Entrei na prova sem saber muito bem o que ia ocorrer. Faltando umas cinco voltas, até que o ritmo estava tranquilo. Mas nos 600 metros finais realmente faltou velocidade. Se tivesse arriscado um pouco mais, poderia ter faturado uma medalha”, lembra o paulista, que finalizou a prova em sétimo. “Saí da prova nervoso. Sabia que poderia ter ido melhor. Mas meu técnico Cláudio Castilho chegou dizendo que tinha gostado da prova e que estava confiante nos 10 mil”.

Tudo isso serviu de experiência para Vilela dar show na nova prova e faturar o ouro. “A largada foi muito forte, e acabei ficando um pouco para trás. Sabia que a prova seria longa [com um total de 25 voltas]. Fechei os 5 mil em 14min16seg na metade da prova. A minha melhor passagem. Só aumentou a confiança. Mas não mudei a estratégia. Podia ter disparado um pouco antes. Só que decidi esperar para os mil metros finais. E não deu outra. Só escutava os gritos da torcida. Olhava no telão. A certeza da vitória veio nos 50, 60 metros finais. Daí foi só pegar a nossa bandeira e fazer a festa”.

Volta da Pampulha

Dezoito quilômetros em 56min19s. Com essa marca, o brasileiro foi o mais rápido na prova masculina do ano passado. “A prova foi muito desgastante. O calor e a umidade prejudicaram muito meu desempenho. No quinto quilômetro, não estava nem na zona do pódio, mas me senti bem para apertar o ritmo e vi que estava mais rápido do que quem ia à frente. Valeu demais essa vitória, em um ano que para mim foi especial. O melhor da minha carreira, que começou lá atrás, aos 9 anos de idade”, festeja o atleta, que vai completar 30 anos em junho.

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