A normalização da obesidade

Foto: Reprodução

Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.

Outro dia lendo um post de uma amiga Professora/Personal Trainer, em sua rede social, achei muito pertinente a reflexão. E a tomei como base para desenvolver este artigo.
Nas imagens (ver a gravura), realizadas por um scanner corporal, temos um corpo de uma mulher com 113 kg e outra com 54 kg, ambas da mesma idade e com a mesma altura. Observe nas duas imagens: o tamanho do coração, fígado, estômago e intestinos, no espaço (fluído) aumentado entre o crânio e o cérebro, no alinhamento/posição da estrutura esquelética (principalmente em membros inferiores), na quantidade de gordura visceral (entre os órgãos) e abaixo da pele (toda a parte mais clara). Qual delas te sugere um indivíduo com melhor saúde?
Então… Penso, sim, ser importante esse movimento de “corpos livres” despontando nas redes sociais, inflamado até pelo incentivo de grandes marcas. Mas… MUITA CALMA NESTA HORA!
O movimento que se originou em resistência aos padrões estéticos impostos pelos canais de comunicação/entretenimento e a indústria da moda, onde homens e mulheres são retratados – até com auxílio da tecnologia digital – com corpo atléticos, definidos e “perfeitos”, atrelando estas imagens de semideuses ao sucesso amoroso, profissional e financeiro, cria expectativas no público consumidor, especialmente mais jovem, que nunca correspondem à realidade das pessoas “comuns”. Este movimento, que vai contra a objetificação dos corpos, sou amplamente favorável. Sabemos que a dificuldade de aceitação das pequenas imperfeições individuais, muitas vezes corrigidas com photoshop ou cirurgias plásticas nos modelos, leva muitos jovens inexperientes, inseguros e até desamparados, à bulimia, anorexia nervosa, depressão e até ao suicídio.
Existe uma linha tênue que separa este “empoderamento” e a “liberdade” de se estar com 30, 40, 50 quilos acima do peso que seu corpo suporta. A obesidade vai muito além da estética. Seus riscos à saúde e custos à sociedade são amplamente conhecidos. A tendência que vem se consolidando amparada pela normalização da obesidade é de pessoas jovens (15-30 anos) que têm dificuldade – por diferentes razões – em mudar hábitos de vida, e que encontra neste discurso mentiroso, perigoso e irresponsável uma zona confortável para se esquivar da sua responsabilidade: a necessidade de adquirir hábitos de vida saudáveis em uma sociedade tão caótica, mas excessivamente progressista. Devemos ter muito cuidado com o discurso de aceitação travestido de normalização da obesidade.
A Organização Mundial da Saúde aponta a obesidade infantil como um dos maiores desafios da saúde pública do século 21. Com as projeções, a estimativa é a de que até 2030, 30% das mulheres e 36% dos homens em todo o planeta estejam obesos, com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30. Nos países mais desenvolvidos, o problema será ainda mais grave.
Do ponto de vista da saúde, a normalização da obesidade traz vários riscos, sendo que o maior deles é a miopia social. Em um mundo cada vez mais permissivo – onde tudo passa a ser permitido e relativizado -, os indivíduos com obesidade e a sociedade como um todo, deixam de enxergar este problema global como de fato ele é: uma doença perigosa! E isso faz com que haja um retardo perigoso na busca por um tratamento precoce. E, sim, ele existe!
Há ainda uma falsa sensação, por alguns relatos – exceção à regra – de casos midiáticos, de que pessoas obesas podem ser tão saudáveis quanto as não-obesas. É evidente que isso pode ocorrer, assim como quem fuma durante uma vida inteira pode nunca desenvolver câncer. O risco, porém, é significativamente elevado, e o problema com a saúde só irá acontecer após os 50 anos de idade (e não aos 20, como vemos blogueiros falando que são obesos e sem qualquer problema de saúde). É justamente neste momento da vida que a sobrecarga excessiva de peso danifica permanentemente as articulações (levando à artrose, um dos piores problemas da terceira idade), ocasiona maior perda de massa muscular e óssea (ficando muito mais vulnerável a quedas), enrijece e forma placas de gordura nas artérias (causa de doença cardiovascular), a inflamação crônica provocada pela obesidade desgasta e enfraquece todo o Sistema Imunológico (ficando mais suscetível a todo tipo de doença infecciosa) e acelera a deterioração de células, podendo causar mutações (câncer).
A obesidade NÃO É NORMAL! Cuide-se!
AFINAL… A SAÚDE É O MAIS IMPORTANTE!
FAÇA A COISA CERTA
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