Mais aconchego? Um habitat mais natural por perto

Foto: Reprodução

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

A relação homem-animal não precisa ser tão “utilitarista”, criando para o abate (frango, boi…), ou para não ficar sozinho (cão, gato…). Não seria possível uma relação sem imediatismos, sem “lucros no ar”? Ver, admirar, ouvir animais – aves e animais de pêlo…

É muito bom e também lindo ter bichinhos silvestres por perto. Inesquecível ver pacas vindo comer restos de frutas e verduras jogados no fundo do quintal para virar adubo… Até os quatis, que costumam ser mal-criados, não são mal-vindos… Claro, se o amigo leitor der azo ao quati, ele entrará na sua casa, subirá na fruteira e “ficará de dono do pedaço”. Logo, melhor acostumá-lo a respeitar o seu espaço… Mas cutias, esquilos, preás, lebres, papagaios, gralhas, arapuãs, entre outros, comportam-se melhor. O Jacu, entretanto, não se “fará de rogado” para se instalar em seu pé de nêsperas, ou de caqui, ou de pêssego. Aí valerá espantá-lo quando já não houver frutos para dividir…

Falamos como se esses bichinhos pudessem enfrentar o trânsito pesado e a falta de alimento das regiões mais centrais… Evidentemente, estamos pensando em bairros e bosques que temos na cidade. Margeando córregos, quase sempre vemos um corredor de vegetação (nativa ou não). Às vezes, em terrenos baldios, o ambiente se mostra favorável aos animais… Mas temos uma alternativa, uma “grande saída” para ajudá-los: o plantio de árvores, elementarmente de frutíferas – o que podemos fazer dos mais diferentes modos.

Vamos exemplificar: há ruas onde há arvores ou arbustos; se uma dessas plantas morrer, não custa plantar uma muda ou, ainda mais fácil, plantar sementes – com marcador (uma ripinha, uma vara, um pedaço de cabo de vassoura, etc.) para sinalizar o plantio, que mais facilmente será respeitado. E tem mais: “na malandragem” (sadia, claro) o amigo pode plantar ou, mesmo, jogar sementes nas margens de córregos, terrenos baldios e bosques. Não precisa arrancar nada, basta ocupar espaços ociosos com seu novo plantio. A preferência é, claro, pelas frutíferas. Árvores frutíferas, como nêspera, guaviju, pitanga, cereja, goiaba, guavirova, jabuticaba, araticum, jaracatiá, vacum, guamirim, sete-capote, araçá, etc., nem requerem adubação. Elas “se viram”. E, se a semente for levemente enterrada, a germinabilidade é fantástica.

Assim, melhor deixar de lado eucalipto, abeto, cedros, pinus, etc. Aliás, uma árvore que engana a “galera” é o alfeneiro, que se enche de cachos (cachopas) de sementes ou frutinhas (assemelhadas às do sabugueiro). Só enganam, porque nem o sabiá, que é menos “crica” com frutas e sementes, consegue comer bem. Pior: é árvore invasora – não por ser de fora, porque laranja, manga, mamão, uva, etc. também o são, mas porque ela é excessivamente competitiva, toma todos os espaços e sob ela quase nenhuma planta consegue viver.

Que tal encher os bolsos de sementes e ir plantando para ter os bichinhos por perto?21

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