A formiga

Foto: wikipedia

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

Os comparativos com insetos e congêneres costumam ser pejorativos ou ofensivos: “aquele é um escorpião”, “depredam como gafanhotos”… Mas, quando a referência é a formiga, de regra é um elogio, máxime quando se faz reporto à perseverança, à persistência, à luta diuturna para atingir desideratos… Realmente, a formiga “não quer nem saber” quanto ainda está faltando para concluir o trabalho: ela persiste, é incansável, batalhadora, forte! Outro elogio referente à formiga é a qualidade do trabalho em equipe, sempre bem coordenado. Um formigueiro é o exemplo perfeito da expressão “a união faz a força”! Ainda, formigas são exemplo de provisionamento em locais frios, especialmente onde neva, em que espécies desse inseto trabalham todo o verão para ter alimento estocado para os meses frios.

E a opinião dos agricultores? Estão certos, cabem ataques a este inseto, porquanto há formigas (cortadeira, mineirinha, etc.) que “pelam” (destroem as folhas) parreira, caquizeiro, soja tenra, etc. Neste último outono, foi difícil preservar mudinhas de couve, brócolis, etc. – a formiga atacou ferozmente… Por quê? Será que ela prevê inverno “brabo”? A formiga gera prejuízos para quem planta. E para quem come? Se quem produz passa veneno (kotrine, aldrin, etc.), quem come poderá contaminar-se… O pior é que essa contaminação é “silenciosa”, sorrateira… Vai afetando o funcionamento de órgãos e tecidos e, com o tempo, os efeitos aparecem e as pessoas comentam: “Não sei o que está acontecendo comigo…”. São os riscos, não os custos…

Temos centenas de variedades de formigas. Quem não conhece a “formiga-de-casa”? Quem não conhece aquelas minúsculas que invadem os armários de gêneros alimentícios, mesmo que estejam no 5o ou no 10o andar? Fora de casa, nós temos a formiga mais “violenta” (venenosa) do mundo, a tocandira, que mede até 4 cm de comprimento. Felizmente, essa está lá na Amazônia e, mais, suas caseiras abrigam poucas dezenas de indivíduos. Ela chega a ser rara – ainda bem, porque uma picada de tocandira num dedo em até 15 minutos paralisa a mão inteira e às vezes até o antebraço, que podem ficar paralisados por tempo… além da dor intensa!

Já que falamos em tocandira, melhor alertarmos sobre a formiga-fogo! Ela constrói um casulo sob folhas de arbustos; ao esbarrarmos, o casulo se fragmenta e essa formiga fica “furiosa” – pica imediatamente. Sua picada parece queimar, daí o nome: “formiga-fogo”. Outra particularidade é de uma “prima” norte-americana, a “formiga-de-fogo”, que tem a capacidade de sobreviver a enchentes. As formigas dessa espécie unem seus corpos formando uma espécie de balsa, capaz de flutuar nas águas da inundação. Armazenam bolhas de ar sob a água de modo que as que ficam por baixo conseguem respirar. Assim, todas elas sobrevivem e, onde aportarem em terra seca, procurarão novo local para construir formigueiro.

Parodiando Pero Vaz de Caminha, a formiga é um inseto “cheio de engenho e arte”!28

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