O suicídio de Vargas

Foto: Reprodução

Por César Graça

Getúlio Vargas foi o político mais importante do século XX no Brasil. O desconhecimento da sua pessoa revela muito da cultura brasileira. Ela esquece facilmente os seus heróis, os seus líderes. Tudo é o momento. O brasileiro pensa pouco no passado ou no futuro.
Vargas é uma pessoa extremamente contraditória. Não se consegue colocá-lo em nenhuma das caixinhas, como é muito comum hoje em dia. Chegou ao poder liderando um golpe de estado em 3 de outubro de 1930 e o seu suicídio em 24 de agosto de 1954 colocou o Brasil de cabeça para baixo, durante quase 24 anos liderou a política brasileira e transformou profundamente o Brasil.
As forças de direita achavam que o tinham encurralado. Que o presidente não tinha nenhuma saída além da renúncia. Com o suicídio a situação mudou completamente. O Exército Brasileiro passou a defender as posições do ex- presidente morto. A população promoveu um quebra-quebra de norte a sul. Os partidos de oposição ao ex-presidente Vargas ficaram mudos. Um novo período político começou no Brasil.
Vargas deixou uma mensagem para a população, a Carta Testamento. Nela coloca os motivos do seu gesto. A oposição ficou desnuda. A sua intenção de atingir o poder era de explorar a população mais carente. Como tinha feito no passado. O Exército Brasileiro estava do lado dos revoltosos. Vargas só tinha o apoio popular.
Com o seu gesto e a Carta Testamento a população se sentiu desprotegida. Avançou contra tudo que significava espoliação e quebrou tudo. Primeiro foram a imprensa de direita que criticava fortemente Getúlio. Não sobrou nada de pé. Os veículos de distribuição foram queimados. As sedes foram completamente destruídas. A embaixada norte-americana pichada. Tudo que tinha o nome de americano foi destruído. Muitas casas comerciais inocentes entraram na ordem de destruição. Os políticos de direita fugiram do Brasil. O Exército Brasileiro, para mostrar que agora estava do lado do povo, atirou nos navios que fugiam do Rio de Janeiro levando os opositores de Vargas. Não atingiram nenhum navio. Não queriam matar ninguém, só assustar e fazer as pazes com a população.
O vice-presidente, Café Filho, assume a presidência. Faz um governo proforma. As eleições de 1950 apontam Juscelino Kubitschek presidente. A direita tenta um novo golpe para impedir a posse de Juscelino. O General Lott, Ministro da Guerra, controla a revolta e permite a posse de Juscelino em 31 de janeiro de 1951.
A herança de Vargas para o Brasil é muito grande. Talvez a maior contribuição seja a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Muitas das atuais estatais foram criadas no seu governo. Petrobras é uma delas. Chegou o momento de transformar as estruturas criadas por Getúlio. Tudo tem o seu ciclo de vida, as organizações também.
Quando foram criadas, há mais de 70 anos, faziam sentido. Agora estão desatualizadas. O Estado Brasileiro precisa diminuir de tamanho e melhorar a sua eficiência. O objetivo agora não é mais criar estruturas, é melhorar o seu funcionamento. Muitas empresas não fazem o melhor sentido continuarem estatais. A Petrobras é uma delas.
O problema é que muitas são dominadas pelos seus funcionários. Eles têm privilégios que os funcionários do setor privado não têm. Muitas empresas estatais têm uma ligação profunda com membros do Congresso Nacional. Por esse motivo, o processo de privatização não avança no Congresso.
Contra tal estado de coisas que o presidente Bolsonaro está lutando. O Congresso Nacional e o Poder Judiciário estão se opondo às reformas. As manifestações populares de 7 setembro de 2021 mostraram o que o povo quer. Data que marca 199 anos da nossa independência. No ano que vem, o Brasil comemora 200 anos de independência, o ducentenário.
O Congresso se assustou. Não esperava uma mobilização tão grande. Os senadores mudaram de opinião e vão abrir um processo de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Morais. A ideia é ganhar tempo para ver se a mobilização da população esfrie. As eleições de 2022 estão muito perto. Dois terços do Senado vai ser renovado.
O impeachment de um ministro do STF muda a direção das reformas. As chances do presidente Bolsonaro conseguir a sua reeleição em 2022 aumentaram bastante. O Congresso Nacional é muito sensível às pressões populares, principalmente à véspera de eleições. O Brasil mudou em 7 de setembro de 2021.

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