Silvestre da DBS e Fazenda Rio Grande: histórias cruzadas e meteórico crescimento

Por Dimas Rodrigues

Povo simples e trabalhador, que de todos os cantos surgiu, tornam o coração fazendense, hospedeiro do imenso Brasil. Esse verso, trecho principal do hino de Fazenda Rio Grande, reflete, em poucas palavras, o retrato e a alma desse município que completa 32 anos de emancipação. Das origens de uma grande área de mato e chão batido de terra, restaram apenas lembranças na memória e fotos dos moradores mais antigos, pois o atual cenário é de uma cidade que, como cantada no hino, acolheu pessoas e empresas de diversos lugares do país e até do exterior, gerando um acelerado crescimento populacional e econômico nos últimos 20 anos.
A meteórica expansão que transformou o perfil de um município interioriano para uma cidade com aproximadamente 150 mil habitantes e forte polo comercial e industrial no Paraná pode ser comparada a história de um personagem que desembarcou apenas com a roupa do corpo na cidade e se transformou em um empresário e político de sucesso. Trata-se de Silvestre Savitzki, o Silvestre da DBS.
Nascido em um área rural de Itaiópolis, Santa Catarina, Silvestre carrega uma história de muitas lutas e superação. Ainda na infância, precisou abandonar a escola para ajudar os pais na lida do campo e mesmo com muito esforço, trabalhando pesado durante longas horas, no final do mês, pouco sobrava para comprar o básico. A fome, castigava.
Sem perspectiva de um futuro que pudesse mudar aquela triste realidade, o jovem Silvestre resolveu sair de casa aos 18 anos. Decidiu, inicialmente, estudar para ser padre e se isolou da família e amigos. Durante seis anos, dedicou tempo à vida religiosa no seminário até que a saudade da família apertou e a vontade de reencontrar com seu irmão, Demétrio, que morava em Fazenda Rio Grande, mudou completamente seu destino.
Sem dinheiro para viagem, pegou a estrada à pé e entre curtas caronas e longos trechos de caminhada, após alguns dias, conseguiu a duras penas, chegar à cidade. “Cheguei de carona, em cima de um caminhão 608, na carroceria e parei no pátio do Posto 21”, relembra Silvestre. “Comecei então a perguntar aonde meu irmão trabalhava, o Demétrio. Na época, ele trabalhava na Antártica (cervejaria) e logo, nos encontramos. Pedi um emprego em uma distribuidora e comecei varrendo o chão, na limpeza do barracão. Com o tempo, passei para ajudante, depois vendedor, motorista e supervisor de vendas. ..”, conta o empresário e ex-vereador.
Ele recorda que quando desembarcou da carroceria daquele caminhão, Fazenda Rio Grande ainda tinha um ar de cidade pequena do interior.
E realmente esse era o retrato, Fazenda Rio Grande era distrito de Mandirituba, até 1990, quando foi emancipada. “Em 94, Fazenda tinha 18 mil habitantes e uns 10 minimercados. Não tinha asfalto, era tudo estrada de terra. Asfalto mesmo, só na marginal da BR. Os caminhões encalhavam direto na entrega de bebidas nos dias de chuva. Tinha uns 10 minimercado, o mais forte eram o Rocha e o Boza ”, recorda.
Esse pacato município, entretanto, em pouco tempo passou a se desenvolver com bastante celeridade com a chegada de novos moradores e investimentos de empresas no recém instalado Parque Industrial. Superada as dificuldades de estrutura, em que as quedas de energia eram constantes e os serviços de telefonia eram caros, sendo que algumas empresas dependiam de telefones públicos – os conhecidos orelhões, para a venda e compra de produtos – o comércio e a indústria fazendense começou a se fortalecer, com a chegada de grandes redes de varejo nacional e abertura de novas empresas.
À medida que o município evoluía, Silvestre também galgava degraus e crescia profissionalmente. O ajudante de limpeza, depois de muita dedicação e competência ao longo de seis anos, atingia um cargo de supervisão na empresa e a partir de então, resolveu alçar novos voos: decidiu abrir a própria distribuidora.
Com o dinheiro do acerto e parceria do irmão Demétrio, ele abre a DBS, que significa Distribuidora de Bebidas Savitzki.
“Fundei minha empresa e chegamos a ter bastante funcionários”, conta Silvestre que com muito talento empresarial, habilidade e bom trato com as pessoas, fez da DBS uma das principais distribuidoras de bebidas na Região Metropolitana de Curitiba.

E assim começava a história da DBS, em 2005.

Assim como Silvestre, Fazenda Rio Grande evoluiu, atraiu nas duas últimas décadas, investimentos de grande porte e mesmo passando por problemas administrativos na condução da cidade ao longo das gestões, como afastamento de prefeito e secretários por improbidade e corrupção, o município deu um grande salto econômico e é uma das cidades mais populosas e que mais crescem na Grande Curitiba e no Paraná.
Popularidade
Focado em contribuir com o desenvolvimento da cidade, Silvestre aceitou um, dos vários convites que teve para entrar na vida política fazendense. Carismático e com uma conduta reta, Silvestre teve sucesso logo na primeira vez que se candidatou, sendo eleito vereador em 2012 – aliás, um dos mais votados. Em seguida, foi alçado como presidente da Câmara Municipal e o bom trabalho, aumentou sua popularidade e influência na cidade. Com isso, foi convidado nas eleições em 2016, para ser o vice-prefeito na chapa do candidato a prefeito Márcio Wozniack (PSDB). E novamente, saiu vencedor das urnas e consolidou sua meteórica ascensão política.

Decepção e retomada


A intensa dedicação na vida pública e a projetos para a melhoria na cidade, provocaram, de outro lado, efeitos negativos na empresa de Silvestre. E com isso, vieram os problemas financeiros e ao mesmo tempo, decepções com políticos da cidade. “Entendi que devia entrar na política, porém, não me dei muito bem, por uma questão de princípios. Não estou chamando ninguém de ladrão, mas nunca gostei de fazer coisa errada…”, revelou Silvestre que após o fim do mandato como vice-prefeito, resolveu não concorrer a nenhum cargo para se dedicar novamente à retomada da empresa. “Graças a Deus, estamos trabalhando e já estamos com 15 funcionários e retomando à DBS como era e no futuro, vamos pensar na volta a política e quem sabe, pleitear a disputa a prefeito”.

Atual sede da DBS, localizada na Rua Prof. Alfredo Gonchorovski, 192 –
em Fazenda Rio Grande.
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