Assembleia dá voz aos direitos da população negra no Paraná

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Porque sabemos que o Brasil padece de um racismo estrutural”, disse deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) Créditos: Dálie Felberg/Alep

A convite do deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), o horário do Grande Expediente da sessão plenária reuniu entidades para falar sobre o racismo estrutural e formas de inclusão.

Nada sobre nós, sem nós. A frase sintetiza a necessidade de inclusão e do aumento da representação negra no estado. O tema é um dos objetivos da Frente Política Negra do Paraná. A convite do deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), integrantes de grupos de defesa e promoção da população negra estiveram na Assembleia Legislativa do Paraná, nesta segunda-feira (14).

“A representação que temos hoje aqui é nascida para enfretamento de um tema extremamente dominante nos dias atuais: o debate sobre o racismo. Devemos rememorar a chaga que foi a escravidão neste país. E, mais do que tudo, defender a criação de políticas públicas afirmativas para que a imensa população afrodescendente do Paraná e do Brasil possa, efetivamente, se desenvolver dentro de tudo aquilo a que tem direito no país”, afirmou o parlamentar.

A convite do deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), o horário do Grande Expediente da sessão plenária reuniu entidades para falar sobre o racismo estrutural e formas de inclusão. Créditos: Dálie Felberg/Alep

A Secretária Geral da Frente Política Negra do Estado do Paraná e da Negritude Socialista Brasileira do PSB do Paraná, Clemilda Santiago Neto, explicou os propósitos da entidade no plenário. “O compromisso é fazer ouvir as vozes constantemente silenciadas de negros e negras, para que os direitos conquistados e as políticas afirmativas sejam observadas sempre e, especialmente, nesta casa. O objetivo é promover a participação negra nos espaços de poder e decisão”, discursou.

Ela expôs dados impactantes que evidenciam o racismo estrutural que impera no Brasil. “Hoje a chance de um jovem negro ser assassinado é duas vezes e meia maior do que de um jovem não negro. A maioria dos homicídios é de mulheres negras. Dados recentes mostram uma redução 9,2% nos homicídios de mulheres não negras, enquanto houve um aumento de 54% nos assassinatos de mulheres negras”, citou.

Clemilda Santiago Neto falou também sobre a histórica e sistemática exclusão dos negros das estruturas das cidades, os fazendo ocupar áreas de risco, de urbanização precária e de extrema pobreza “Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os negros representam 62% da população sem rede de abastecimento de água; 59% da população sem rede de esgotamento sanitário e 79% da população que não tem acesso a banheiro”, enumerou.

“Esse quadro resulta em alta taxa de morbimortalidade por doenças relacionadas à inadequação sanitária. Essa condição levou a mais de um milhão de mortes evitáveis de 1966 até hoje. O que equivale à queda de 40 aviões por ano ou à morte de 15 pessoas negras por dia no Brasil”, acrescentou.

O deputado Romanelli aproveitou o encontro para defender a importância de todos os partidos criarem e estimularem os movimentos negros.  “É uma pauta cidadã, na defesa dos direitos. É fundamental a mobilização a todos os partidos, independentemente da ideologia política. Porque sabemos que o Brasil padece de um racismo estrutural”, disse.

Diante das restrições impostas pela pandemia do coronavírus, o número de convidados foi reduzido. Participaram também a secretária Administrativa e Financeira da Frente Política Negra do Estado do Paraná e secretária estadual do Movimento Negro do PDT Paraná, Eliza Ferreira da Silva; a secretária de Mulheres Negras da Frente Política Negra do Estado do Paraná e secretária estadual de Combate ao Racismo do PT-PR, Maria Joana da Silva; e o secretário da Diversidade Negra da Frente Política Negra do Estado do Paraná e Unegro do Estado do Paraná e membro do Pleno Estadual do PCdoB do Paraná, Diego Carvalho.

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