Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.
Todo mundo tem seus dias não! Aqueles dias em que o cabelo não está bem, em que a roupa não nos cai bem, em que as olheiras não nos deixa abrir os olhos, que o corretor ou base não nos salva, que a barriga não está em seu tamanho normal e que até o sapato não entra. Aqueles dias em que fugimos do espelho porque qualquer vislumbre do nosso reflexo nos fará querer voltar para a cama e ficar por ali. Dias não são normais e saudáveis! Mas… e se não passar? E se todos os dias se tornarem dias não? Dias em que não queremos sair, se relacionar e em que o espelho se transforma num inimigo, numa lupa que amplifica o que acreditamos ser o defeito evidente que despertará olhares alheios curiosos e que chamará a atenção para nos julgar e condenar? Pois bem, esta é a realidade de quem vive com dismorfia corporal (ou dismorfobia) ou o Transtorno Dismórfico Corporal ou ainda a Sídrome da Distorção da Imagem. Termos para os espectros das perturbações obsessivo-compulsivas que consiste na preocupação excessiva com a aparência ou imagem física e no foco em imperfeições que ou não existem ou são muito agudas ou passageiras. Ou seja, o indivíduo passa a acreditar naquilo que ele acredita mesmo ser, mesmo que realmente não seja.
Para entendermos um pouquinho mais em como as coisas funcionam temos que saber que a percepção individual da aparência ou imagem corporal é influenciada por muitos aspectos:
> Visual – é o que você vê quando olha para você mesmo.
> Mental – é como você pensa sobre sua aparência.
> Emocional – é como você se percebe sobre sua imagem.
> Cinestésica – é como você sente e controla seu corpo no espaço que usa.
> Histórica – é moldada por toda uma vida de experiências, que incluem prazer e dor, alegrias e tristezas elogio e crítica.
> Social – é como o ambiente e os indivíduos que nele vivem se relacionam com as aparências físicas.
> Midiática – é como a propaganda, os meios de comunicação e influenciadores vendem a imagem corporal.
> Tecnológica – é como usam os recursos tecnológicos para mostrar nas imagens gravadas ou fotográficas aquilo que não é real.
Desta forma como percebemos imagens corporais apesar de ser formatado pela nossa percepção sensorial, psicológica e cognitiva é também fortemente influenciada pelas diferentes experiências cotidianas que nos acometem. E o avanço das tecnologias digitais, que afastam muito as pessoas do mundo real, é um fator decisivo e negativo para quem sofre com o transtorno. O modo como nos enxergamos é muito dependente de como nos consideramos avaliados por terceiros. Seja próximos ou desconhecidos.
Por conta disso, os portadores desse transtorno vivem em um estado de ansiedade permanente, com pensamentos intrusivos constantes e comportamentos de difícil controle. Sua preocupação com a aparência e seu comportamento tentando escondê-la ou alterá-la, ocupam tanto tempo que chegam a prejudicar suas atividades diárias, como suas relações pessoais e familiares e até o desempenho profissional.
A nossa percepção é a força motriz do nosso desenvolvimento social e pessoal, ela é responsável pela maneira como enxergamos o mundo e também pela nossa capacidade indutiva e dedutiva em presumir como as pessoas nos enxergam. Se a percepção estiver distorcida, logicamente que as nossas relações também estarão. O ajuste da percepção começa com a autocrítica daquilo que vemos e percebemos, principalmente quando o alvo da percepção se refere a nós mesmos. O processo perceptivo é diferente para cada pessoa, por que as pessoas são diferentes umas das outras; cada ser humano tem a sua individualidade formada conforme a construção da sua personalidade que é dependente e sofre interferência de inúmeros fatores. E é justamente por sermos diferentes uns dos outros que precisamos nos relacionar de maneira saudável, primeiro conosco mesmo e depois com quem está à nossa volta.
AFINAL… A SAÚDE É O MAIS IMPORTANTE!
FAÇA A COISA CERTA!
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